Governo de Lula irá apoiar Chávez diante rumores de bloqueio à Venezuela

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Publicado Quinta, 26 de Dezembro de 2002 às 18:26, por: CdB

Futuro assessor especial para Assuntos Externos, Marco Aurélio Garcia disse nesta quinta-feira, depois de se reunir com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo, que defende uma solução negociada para a crise que a Venezuela atravessa. "Reconhecemos o Governo Hugo Chávez como um governo constitucionalmente estabelecido no país", declarou, numa referência a uma greve geral, organizada por grupos da oposição, que já dura 25 dias e visa a forçar a renúncia do chefe de Estado e a convocação de eleições presidenciais antecipadas. A declaração coincidiu com a notícia, divulgada pela agência France Presse, de que um governador venezuelano teria denunciado um suposto bloqueio de multinacionais do petróleo à Venezuela, em meio ao impasse interno. Por sua vez, Garcia destacou que o fundamental, agora, é ajudar a diminuir a grave crise de desabastecimento existente na Venezuela, em conseqüência da paralisação, que atinge inclusive a estatal Petróleos de Venezuela SA (PDVSA). Respondendo a críticas de líderes oposicionistas do país vizinho, de que estaria havendo interferência em assuntos internos da Venezuela, Garcia, que esteve recentemente em Caracas, disse que se trata simplesmente de uma medida normal entre dois governos. O futuro assessor declarou também que a solução venezuelana deve ser negociada e não passa somente por eleições. "Se não houver um pacto entre as forças políticas do país, no sentido de respeito aos resultados eleitorais, sejam quais forem, dificilmente teremos estabilidade naquele país", afirmou. Para Garcia, a estabilidade da Venezuela é importante para o Brasil. Recentemente, Chávez solicitou ajuda a vários países, incluindo o Brasil, depois que a greve reduziu ao mínimo a extração de petróleo na Venezuela, que é o quinto maior exportador mundial de óleo cru. Denúncia de bloqueio internacional Ainda nesta quinta-feira, o governador do estado venezuelano de Sucre, Ramón Martínez, informou que empresas petrolíferas multinacionais teriam ordenado 14 navios-tanques atracados no leste do país a não carregarem petróleo na Venezuela. "São 14 navios ancorados na Baía de Guaraguao, no estado de Anzoátegui, com instruções para não fazer o carregamento venezuelano", disse Martínez. "Acreditamos estar diante de um bloqueio internacional contra a PDVSA", acrescentou. Encarregado de reativar a indústria do petróleo, afetada pela greve de 25 dias, Martínez identificou três dos navios que teriam recebido a suposta ordem: "Germar Ajax", da Phillips, e "Nord Ocean" e "Antipolis", da Exxon Mobil. A produção de petróleo na Venezuela caiu para menos de 200 mil barris por dia, o que equivale a 6,5 por cento dos 3,1 milhões de barris por dia extraídos, em média, no mês de novembro passado. Segundo fontes da indústria petrolífera, o atual volume de produção só cobriria as necessidades internas, mas a crise é agravada por problemas de distribuição, também causados pela greve.

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