“Uma presidente eleita duas vezes está sendo tirada de seu cargo por uma gangue de criminosos, para pôr no lugar uma facção de direita não eleita e ilegítima”, disse o jornalista Glenn Greenwald
Por Redação – do Rio de Janeiro
O jornalista norte-americano Glenn Greenwald, do site The Intercept, tem feito cada vez mais críticas ao processo de impeachment nessa reta final do julgamento. Nesta segunda-feira, enquanto a presidente Dilma Rousseff respondia a perguntas dos senadores, ele publicou no Twitter um resumo do cenário político brasileiro:
“Uma presidente eleita duas vezes está sendo tirada de seu cargo por uma gangue de criminosos, para pôr no lugar uma facção de direita não eleita e ilegítima”.
Nessa semana, Greenwald concedeu uma entrevista ao canal Democracy Now, dos Estados Unidos, em que comparou o comportamento corajoso de Dilma de ir se defender no Senado, mesmo sem ser obrigada, e o covarde de Michel Temer, que quebrou o protocolo na abertura da Olimpíada ao pedir para que seu nome não fosse anunciado, com receio de vaias, nem esteve presente na festa de encerramento.
Greenwald publicou ontem um texto intitulado: “Impeachment de Dilma caminha para o fim e ameaça a democracia brasileira”.
“Durante as Olimpíadas, o ‘presidente interino’ Michel Temer, temendo vaias, quebrou o protocolo ao exigir que seu nome não fosse anunciado quando ele apareceu na Cerimônia de Abertura (ele foi intensamente vaiado de qualquer maneira) e depois se escondeu, não comparecendo à Cerimônia de Encerramento. Em amplo contraste, a presidente realmente eleita da nação, Dilma Rousseff, decidiu ir ao Senado hoje para confrontar seus acusadores, quando a gangue de corruptos e criminosos que constituem o Senado brasileiro encaminha o fim do julgamento do impeachment, com o resultado virtualmente inevitável de que a presidente duas vezes eleita Dilma seja removida do cargo. É a personificação da covardia x coragem:
“O aspecto mais notório disso tudo – e o que distingue fundamentalmente o processo de um impeachment nos EUA, por exemplo – é que a remoção de Dilma leva ao poder um partido completamente diferente, que não foi eleito para a presidência. De fato – como documentado por meus colegas do The Intercept Brasil, João Filho e Breno Costa, esta semana –, a remoção de Dilma está empoderando exatamente o PSDB, partido de direita que perdeu as últimas quatro eleições nacionais, incluindo a derrota para Dilma há 21 meses. Em alguns casos, as mesmas pessoas deste partido que concorreram e perderam estão agora no controle de ministérios chave do país.
“Como resultado, o governo não eleito prestes a tomar permanentemente o poder está preparando uma série de medidas – da suspensão do exitoso programa de combate ao analfabetismo, a privatização dos recursos nacionais e as “mudanças” de vários programas sociais ao abandono das alianças regionais em prol do retorno à subserviência aos EUA – que nunca foram ratificadas pela população brasileira e nunca seriam. Não importa se você chama de “golpe” ou não, isso é a antíteses da democracia, um atentado direto a ela”, concluiu.