A paralisação de um dia foi convocada por sindicatos dos setores públicos que receiam que a reforma signifique mais cortes nas pensões.
Por Redação, com Reuters – de Atenas
O tráfego ficou travado em partes de Atenas nesta terça-feira, quando funcionários dos transportes se uniram a uma greve provocada pela proposta de uma reforma previdenciária, e milhares marcharam pacificamente pelo centro da cidade exigindo que o esboço da lei seja descartado.
Como o metrô, os trens e os ônibus públicos pararam, muitos usuários do transportes interurbanos foram obrigados a ir ao trabalho de carro, bloqueando as grandes artérias da cidade ampla de quase 4 milhões de habitantes. Os navios de passageiros ficaram ancorados nos portos.
A paralisação de um dia foi convocada por sindicatos dos setores públicos que receiam que a reforma signifique mais cortes nas pensões, que já vêm sendo reduzidas progressivamente desde que a Grécia pediu seu primeiro pacote de socorro financeiro em 2010.
Os manifestantes se reuniram diante do Parlamento mais tarde nesta terça-feira, um dia antes de um debate programado sobre o projeto de lei apresentado pelo governo conservador que tomou posse em julho.
– Tem havido corte atrás de corte nos últimos anos. Estamos em greve porque queremos pensões com as quais possamos viver – disse Dimitris Volis, fiscal de uma empresa de balsas de Pireu, o porto que serve Atenas.
Pacotes financeiros
A Grécia, que precisou de três pacotes financeiros internacionais entre 2010 e 2015, reduziu as pensões estatais várias vezes em anos recentes para tornar o sistema viável.
O esboço que aguarda aprovação legislativa cria um registro digital de amparo social e desvincula as pensões dos salários, adotando mais flexibilidade para os autônomos no tocante às contribuições.
Sindicatos dizem que a reforma é uma tentativa mal disfarçada dos conservadores governistas de privatizar os fundos de pensão, e acusam políticos gregos de renegarem a promessa de rescindir todos os cortes exigidos pelos pacotes financeiros.
Aposentadoria
– Trabalho desde os 17 anos, e eles (o Estado) estão me dizendo que não terei uma aposentadoria antes dos 67. Será que aguento até lá? – questionou Nectaria, mãe solteira de 48 anos que trabalha como faxineira em um hospital.
Outros mostraram pouca solidariedade com os grevistas. “Greves nunca deram em nada”, disse o pensionista Dimitris Polychroniadis, revoltado por ter que pagar um táxi ao invés de usar o transporte público.
Os gregos realizaram várias greves contra os cortes exigidos pela austeridade fiscal durante a crise de dívida que irrompeu no final de 2009. O país emergiu de seu terceiro pacote financeiro em 2018.