Um gringo que chama brasileiro de ladrão no Ministério da Educação

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Publicado Quarta, 06 de Fevereiro de 2019 às 07:46, por: CdB

Logo após dizer que a universidade pública não deve ser um espaço para todos, comportando apenas uma elite, o Ministro da Educação do governo Bolsonaro voltou sua carga contra os brasileiros.

Por Luciano Rezende - de Brasília O colombiano Vélez Rodriguez, em entrevista à revista Veja, disse que "o brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisas dos hotéis, rouba assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo".
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O colombiano Vélez Rodriguez, em entrevista à revista Veja, disse que "o brasileiro viajando é um canibal
Aqueles que bradavam “Brasil acima de tudo”, permitem que o brasileiro seja espezinhado abaixo de todos. Coube a um governo pretensamente nacionalista indicar para um dos ministérios mais importantes do país, o da educação, um gringo que insulta nossa gente. Imaginemos o que seria dito se num governo Lula ou Dilma fosse indicado algum cubano, ainda que naturalizado brasileiro, para Ministro da Educação e que o mesmo, ainda por cima, nos chamasse de ladrões? Mas como o ministro é natural de um país capitalista e ainda por cima diz que vai cobrar mensalidades, tudo bem. Aliás, universidade gratuita é algo que soa muito socialista. A entrevista do “nosso” ministro da educação não é marcante só pelos insultos que ele nos faz. Mas também pelo nível das suas argumentações e, sobretudo, pela ameaça em corte de direitos e conquistas históricas de nosso povo. No que diz respeito às argumentações, chega ao ponto de dizer que o famigerado “Escola sem Partido” deve ser algo bom pelo simples fato de José Dirceu ser contra. Seria como se disséssemos que o Escola sem Partido é ruim porque Alexandre Frota, por exemplo, é a favor. Quando perguntado sobre a importância de liberdade de cátedra, sobre a liberdade de se ensinar o marxismo, o liberalismo e outras correntes econômicas e filosóficas, o ministro sai pela tangente dizendo que liberdade não é como o “comunista” Cazuza dizia: “Liberdade não é passar a mão na bunda do guarda”. Esta é a profundidade dos seus argumentos. O que esperar de quem acha que o busto de Paulo Freire, como patrono da Educação brasileira, deva ser substituído pelo o do tal Olavo de Carvalho? Com relação aos ataques à todas as conquistas que obtivemos nos últimos anos, Vélez Rodrigues é enfático ao defender uma universidade para poucos. Por certo, é obvio que nem todos os brasileiros aspiram um diploma em um curso superior. Mas esta decisão deve ser respeitada apenas quando se tratar de uma opção pessoal. Jamais por uma barreira social. A universidade pública, a qual sonhamos e perseguimos, deve ter suas portas abertas para todos aqueles que almejem nela entrar. Quem é este boçal para definir quem pode e quem não pode ser universitário em nosso país? Será que ele próprio se considera como um membro da elite intelectual capaz de se sentar em uma cadeira universitária? A comunidade acadêmica, os amigos da ciência, todo e qualquer intelectual têm obrigação moral de se levantar neste momento crítico exigindo a renúncia deste ministro. Trata-se de um inimigo declarado de nosso país, de nosso povo e de nosso patrimônio chamado universidade pública, gratuita e de qualidade. Luciano Rezende, é professor. presidente da Seção Mineira da Fundação Maurício Grabois e membro do Comitê Central do PCdoB. As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil
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