Guedes é maior responsável pela crise econômica, avalia economista

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Publicado Quinta, 04 de Março de 2021 às 14:36, por: CdB

A reforma da Previdência era vista pelo ministro como fundamental para a economia brasileira – Guedes chegou até a ameaçar deixar o governo caso a reforma fosse muito alterada. Já o auxílio emergencial, que hoje é fator essencial para a popularidade de Bolsonaro, foi aprovado em duas votações

Por Redação, com Sputnik Brasil - do Rio de Janeiro

Caso o Brasil se torne, de fato, uma Venezuela ou uma Argentina, como dito pelo ministro Paulo Guedes, os maiores responsáveis serão o próprio ministro e o governo federal. É o que afirma a economista Maria Beatriz de Albuquerque David, professora da Faculdade de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em entrevista à Sputnik Brasil nesta quinta-feira.

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Paulo Guedes permanece alheio à trágica realidade que o Brasil enfrenta e mantém o discurso irresponsável do personagem austericida fiscalista a todo custo

— Para o ministro, é muito fácil: ele sempre bota a culpa nos outros. Se a gente, como ele prediz, chegar a ser uma Argentina ou uma Venezuela, é graças a ele, graças ao governo. Não adianta culpar a população nem os atores econômicos por esta situação — afirma a especialista.

A declaração de Paulo Guedes foi feita em entrevista ao podcast Primocast, gravada na sexta-feira e publicada na terça-feira. Na entrevista, o ministro diz que o país pode se complicar caso faça escolhas erradas na política econômica e se endivide de maneira desenfreada. Além disso, defendeu privatizações e a agenda liberal durante a conversa.

Popularidade

Para David, o ministro deveria, em vez de fazer suposições, se concentrar mais em aplicar suas ideias de maneira que elas sejam de fato viáveis para melhorar a condição econômica do Brasil. Ela lembra que o ministro defendeu longamente várias reformas, mas não chegou a elaborar um texto convincente para suas concepções.

A reforma da Previdência, por exemplo, era vista pelo ministro como fundamental para a economia brasileira – Guedes chegou até a ameaçar deixar o governo caso a reforma fosse muito alterada. Já o auxílio emergencial, que hoje é fator essencial para a popularidade de Bolsonaro, foi aprovado em duas votações, no Senado e agora segue à Câmara dos Deputados.

— As propostas dele [Guedes] sempre foram aquém das propostas formuladas pelo Congresso. A reforma boa é aquela que tem viabilidade política, mas você precisa saber para onde você vai. Não adianta ficar atirando cada dia para uma direção — acrescenta David.

Contaminação

A economista também comentou sobre a falta de um plano estruturado não só para vacinar a população brasileira contra a covid-19, mas também para evitar picos de contaminação. Ela lembra que os "governos responsáveis" ao redor do mundo aderiram ao lockdown, parcial ou total, para impedir a propagação do novo coronavírus. Com esta medida, a economia sofre um baque momentâneo, mas logo depois volta a se recuperar.

— Na pandemia, todo mundo tentou estimular a economia e tomar providências para que a atividade econômica pudesse voltar de forma segura, sem correr os riscos de fechar e abrir, fechar e abrir, fechar e abrir… — avalia a professora.

Além disso, ela cita como um erro do governo federal a aquisição de um baixo número de vacinas até o momento – sem a imunização da população, a economia acaba também prejudicada. Como reflexo das medidas ineficazes do governo federal, o Brasil teve nesta quarta-feira o dia com mais mortes causadas pela covid-19 desde o início da pandemia: foram 1.910 óbitos registrados em 24 horas, no país.

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