Atiradores vestidos com uniformes militares e armados com kalashnikovs abriram fogo num museu em Túnis, capital da Tunísia, nesta quarta-feira. O ataque causou a morte de 19 pessoas, além de dois atiradores, e deixou dezenas de feridos. Os dois atiradores acabaram mortos após um confronto com policiais, no qual também morreu um agente das forças de segurança.
Segundo o primeiro-ministro da Tunísia, Habid Essid, entre as vítimas estão 17 turistas de várias nacionalidades, incluindo italianos, alemães, espanhóis e poloneses. Uma mulher tunisiana também foi morta durante o ataque. As demais vítimas são um policial e os dois atiradores.
Logo após o ataque, os atiradores permaneceram no Museu Nacional do Bardo, mantendo algumas pessoas reféns. Forças de segurança isolaram a área ao redor do museu e evacuaram o Parlamento tunisiano, num edifício adjacente. Imagens de televisão mostraram turistas deixando o museu em busca de refúgio, protegidos por atiradores das forças de segurança.
As Forças Armadas da Tunísia vêm combatendo militantes islamistas que emergiram no país depois do levante contra o governo autocrata de Zine El Abidine Ben Ali, em 2011.
Além disso, vários milhares de tunisianos deixaram o país para lutar ao lado dos grupos militantes na Síria, Iraque e Líbia, e o governo teme que, ao retornarem, esses jihadistas que realizam ataques na Tunísia.
O porta-voz do ministério do Interior, Mohamed Ali Aroui, afirmou inicialmente que o atentado teria deixado oito mortos, entre eles sete turistas estrangeiros, e não forneceu a nacionalidade das vítimas. Ele disse que havia cem turistas dentro do museu na hora do ataque. Mais tarde foram confirmadas as mortes de um policial e dos dois atiradores, e o número de pessoas mortas no ataque foi elevado para 19, sendo 17 estrangeiros.
Este é o pior ataque contra estangeiros no país desde 2002, quando um atentado perpetrado por um homem-bomba da Al Qaeda matou 21 pessoas numa sinagoga na ilha turística de Djerba. As vítimas eram 14 alemães, dois franceses e cinco tunisianos.
Nos últimos anos, a Tunísia tem sofrido com a violência de extremistas islamistas, alguns deles ligados ao braço da Al Qaeda no norte da África, que ocasionalmente lança ataques às forças de segurança do país, ou ao “Estado Islâmico”.
Um grande número de tunisianos – cerca de 3 mil, segundo estimativas do governo – se juntou ao “Estado Islâmico” na Síria e no Iraque.
Itamaraty repudia atentado
O governo brasileiro informou, por meio de nota, que “condena com veemência o covarde atentado” praticado na manhã desta quarta-feira contra o Museu do Bardo, em Túnis, que causou, de acordo com o primeiro-ministro da Tunísia, Habib Essid, a morte de pelo menos 19 pessoas, incluindo 17 turistas, além dos dois homens armados que realizaram os ataques.
“O governo brasileiro reitera seu absoluto repúdio a atos de terrorismo e ataques contra civis inocentes, praticados sob qualquer pretexto”, informa a nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores. “Neste momento de luto e tristeza, o governo brasileiro estende ao povo e ao governo da Tunísia, assim como às famílias das vítimas de diferentes nacionalidades, sua solidariedade”.
Na nota, o governo brasileiro elogia o “admirável processo de transição democrática, abrangente e inclusivo” levado adiante na Tunísia e observa que o país sediará, no próximo fim de semana, o Fórum Mundial Social, com a participação de uma grande delegação brasileira.
O atentado ao Museu do Bardo foi praticado, de acordo com as autoridades tunisianas, por dois homens armados. Segundo a polícia, os turistas assassinados são de nacionalidades polonesa, italiana, alemã e espanhola.
Segundo o primeiro-ministro tunisiano, Habib Essid, os terroristas vestiam uniformes militares e abriram fogo contra os turistas quando eles saíam de um ônibus, obrigando-os a refugiarem-se no interior do museu.
O ministro da Saúde, Said Aidi, disse à imprensa que 38 pessoas ficaram feridas no ataque, entre as quais turistas da França, Itália, Polônia, Japão e África do Sul. Segundo o porta-voz do Ministério do Interior, Mohamed Ali Aroui, cerca de 100 turistas estavam no museu quando ocorreu o ataque.
Este é um dos mais graves atentados contra estrangeiros na Tunísia desde que, em 2002, a Al Qaeda atacou uma sinagoga na Ilha de Djerba, matando 14 alemães e dois franceses, além de cinco tunisianos. Até o momento, o ataque não foi reivindicado por nenhum grupo.
O ataque ocorre a uma semana da abertura do Fórum Social Mundial, na Universidade El Manar, em Túnis. O evento vai de 24 a 28 de março.
O Museu Nacional do Bardo, conhecido pela vasta coleção de mosaicos da Antiguidade, está ao lado do Parlamento da Tunísia, onde os trabalhos foram suspensos durante o ataque. A Tunísia tem registrado um aumento do extremismo islâmico desde a revolução de 2011 que pôs fim ao regime de Zine El Abidine Ben Ali.
O país tem registrado crescente radicalização de jovens islâmicos. As autoridades estimam que cerca de 3 mil jovens tenham ido para o Iraque e a Síria combater ao lado de grupos jihadistas. Pelo menos 500 desses jovens já voltaram para a Tunísia.