Hong Kong remove acampamento de manifestantes pró-democracia

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Publicado quinta-feira, 11 de dezembro de 2014 as 09:20, por: CdB

As manifestações principalmente pacíficas para cobrar eleições livres na cidade controlada pela China chegaram a representar um dos maiores desafios ao regime chinês
As manifestações principalmente pacíficas para cobrar eleições livres na cidade controlada pela China chegaram a representar um dos maiores desafios ao regime chinês

Funcionários do governo de Hong Kong removeram grande parte do principal acampamento de manifestantes pró-democracia perto do centro financeiro da cidade nesta quinta-feira, marcando o fim de mais de dois meses de protestos nas ruas.
As manifestações principalmente pacíficas para cobrar eleições livres na cidade controlada pela China chegaram a representar um dos maiores desafios ao regime chinês desde os protestos por democracia e a consequente repressão violenta na Praça da Paz Celestial, em Pequim, em 1989.
Centenas de policiais se posicionaram no bairro do Almirantado, perto de prédios do governo e da área comercial Central, enquanto funcionários com chapéu de obra removeram as barricadas.
Policiais foram vistos levando dois manifestantes, enquanto os trabalhadores desmontavam lentamente barreiras de bambu, observados por uma multidão de espectadores e de jornalistas.
Centenas de policiais avançaram por outras partes do Almirantado vasculhando barracas antes de derrubá-las junto com barreiras de metal e guarda-chuvas, que eram usados pelos ativistas durante confrontos com a polícia para se proteger do spray de pimenta.
A ex-colônia britânica voltou ao governo da China em 1997 sob a fórmula “um país, dois sistemas”, que permite à cidade certa autonomia da China continental e uma promessa de um eventual sufrágio universal.
Pequim permitiu uma votação para eleger o líder local em 2017, mas apenas após pré-selecionar os candidatos.
Polícia de Hong Kong
Hong Kong liberou a maior parte do local dos protestos pró-democracia nesta quinta-feira, e deteve alguns manifestantes, marcando o fim dos mais de dois meses de manifestações de rua que bloquearam vias importantes da cidade controlada pela China.
Muitos ativistas preferiram deixar pacificamente o local no Almirantado, próximo de edifícios do governo e do centro financeiro, apesar de suas exigências de voto livre não terem sido atendidas.
Mas o clima geral era de desafio, e os manifestantes entoavam: “nós voltaremos”.
Martin Lee, um dos fundadores da principal legenda de oposição, o Partido Democrático, o líder estudantil Nathan Law, o magnata da mídia Jimmy Lai e parlamentares estavam entre os presos.
Os protestos majoritariamente pacíficos representaram um dos maiores desafios à autoridade chinesa desde as manifestações pró-democracia de 1989 e da repressão sangrenta dentro e nos arredores da Praça da Paz Celestial, em Pequim.
Centenas de policiais revistaram outras partes do Almirantado, verificando barracas antes de levá-las embora, assim como barreiras de metal, capas plásticas e guarda-chuvas, que os ativistas usaram durante os confrontos para se proteger dos sprays de pimenta e dos golpes de cacetete.
Uma cabeça decapitada do presidente chinês, Xi Jinping, feita de papelão foi posta diante de uma fileira de policiais.
– O movimento foi surreal. Ninguém sabia que podia durar mais de dois meses… em um lugar onde o tempo e o dinheiro são o mais importante – disse o manifestante Javis Luk, de 27 anos.
Houve pouca resistência. Os manifestantes embalaram travesseiros, cobertores e outros pertences em suas tendas, montadas em uma das áreas de maior valor imobiliário do mundo, e abandonaram o local.
Alguns manifestantes desdenharam dos alertas da polícia, gritando os seus próprios para o questionado líder de Hong Kong, Leung Chun-ying.
“Este é o último alerta para CY Leung! Mostre a cara, CY Leung”, gritaram.
Lai afirmou que seria ingenuidade achar que 75 dias de protestos bastariam para ter suas demandas satisfeitas.
“Não somos tão ingênuos”, disse ele à rede de televisão CNN antes de ser preso. “Sabemos que haverá muitas batalhas antes de vencermos esta guerra”.
As manifestações exigem indicações livres para a próxima eleição do executivo-chefe, como é conhecido o líder local, em 2017. Pequim declarou que irá permitir a votação em 2017, mas só com candidatos previamente escolhidos.
Os protestos atraíram bem mais de 100 mil pessoas em seu auge, e os estudantes deram vazão à sua revolta diante da recusa chinesa de ceder nas reformas eleitorais.