Chamada de ‘pirralha’ por Bolsonaro em 2019, após Thunberg defender o papel dos povos indígenas na proteção da Amazônia, a militante, em um gesto de solidariedade, pediu aos países que já vacinaram seus grupos de risco contra a covid-19 que distribuam as vacinas excedentes, inclusive ao Brasil.
Por Redação, com agências internacionais - de Estocolmo
A jovem ativista sueca Greta Thunberg, de 18 anos, voltou a criticar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo afirmou, o mandatário neofascista falhou ao lidar com a responsabilidade pelos efeitos do coronavírus e pelas mudanças climáticas. Passadas mais de 12 horas das críticas de Thunberg ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o Palácio do Planalto se recusava a emitir qualquer resposta.
— Não acho que devemos falar em indivíduos, mas vemos que Bolsonaro tem responsabilidade enorme. Acredito que Bolsonaro tem falhado em assumir essa responsabilidade na resposta ao coronavírus e a mudança climática. E vemos claramente os resultados disso. Eu posso seguramente dizer que ele fracassou em assumir a responsabilidade necessária para garantir as condições de vida atuais e futuras da humanidade — afirmou Greta, em entrevista coletiva na Organização Mundial da Saúde (OMS).
Chamada de ‘pirralha’ por Bolsonaro em 2019, após Thunberg defender o papel dos povos indígenas na proteção da Amazônia, durante a Conferência do Clima em Madrid (COP25), ela denunciou o assassinato de uma indígena Guajajara. A militante, em um gesto de solidariedade, pediu aos países que já vacinaram seus grupos de risco contra a covid-19 que distribuam as vacinas excedentes.
— É o mais razoável que pode ser feito. É preciso proteger, priorizar os mais vulneráveis e os que trabalham na linha de frente, não importa o país onde estão — acrescentou.
Imunizantes
Thunberg comentou, ainda, a conferência do clima (COP26, prevista para novembro, em Glasgow), convocada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. E disse esperar que as mudanças climáticas ao redor do mundo sejam tratadas com seriedade.
— Podemos ter quantas cúpulas quisermos, mas, enquanto não tratarmos a crise como uma crise, não poderemos alcançar grandes mudanças — disse.
Greta admitiu que muitas pessoas poderão se aborrecer, caso seus governos compartilharem vacinas, mas acredita na universalização do acesso aos imunizantes.
— Claro que quero voltar a ter uma vida normal. E todo mundo quer, mas precisamos de solidariedade. A única decisão moral e correta que se pode tomar é priorizar os mais vulneráveis, sem importar onde vivem. Temos ferramentas para corrigir o enorme desequilíbrio que existe no mundo no combate à covid-19. Assim como com a mudança climática, devemos ajudar os mais vulneráveis em primeiro lugar — pontuou.
Doação
O secretário-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que participou da entrevista coletiva ao lado da ativista, pediu à comunidade internacional que acolha a mensagem da militante em favor do meio ambiente.
— Incentivo a comunidade mundial a fazer o que puder, em apoio ao Covax, para proteger os mais vulneráveis desta pandemia — acentuou.
O secretário observou que em alguns países ricos um quarto da população já está vacinada contra a covid-19 enquanto nos países pobres essa proporção é de 1 a cada 500 pessoas. Em seguida, a OMS anunciou que a fundação Greta Thunberg doou € 100 mil (R$ 668 mil) ao consórcio Covax, que tem como objetivo financiar a distribuição de vacinas com baixa capacidade de negociar com as farmacêuticas.