Idade Média brasileira - Deus e Malafaia derrubam confinamento

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Publicado Sexta, 20 de Março de 2020 às 15:15, por: CdB

Contra tudo e contra todos - juiz do Rio de Janeiro decidiu contra recomendação mundial da OMS e de todos os países do mundo. O pastor evangélico Malafaia poderá continuar reunindo os fiéis em suas igrejas, certo de que Deus os protegerá do Coronavirus. O Brasil descobriu a máquina do tempo: vive agora em plena Idade Média.

Rui Martins, editor do Direto da Redação:
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Religião mais forte que o confinamento e a Jusitça
Será que Deus é brasileiro? Veremos nos próximos dias. Ao contrário de todos os cientistas do mundo, alguns pastores evangélicos garantem não haver nenhuma transmissão do coronavirus durante as pregações bíblicas, cantos de hinos religiosos e testemunhos de fé. Como ninguém irá conferir os nomes das pessoas internadas por coronavirus com os dos membros dessas igrejas evangélicas, o risco de um desmentido é remoto. Pot isso, o pastor evangélico Silas Malafaia enfrentou a decisão tomada pelo governo do Rio de Janeiro, no sentido de serem suspensos cultos religiosos nas suas igrejas evangélicas para se evitar aglomerações de pessoas e possíveis infecções pelo Coronavirus. Essa proibição não é apenas no Rio de Janeiro, ela foi tomada por todos os governos em todo o mundo, com o objetivo de evitar maior número de mortes. E o surpreendente é que ocorreu um milagre: o corajoso juiz de plantão Marcello de Sá Baptista deu provimento ou ganho de causa ao pastor Malafaia contra a proibição da realização de cultos nas igrejas de Malafaia. Corajos0 porque sua decisão contraria todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde e de todos os governos mundiais. Uma exceção jurídica brasileira que levará muitos correspondentes no Brasil comentarem como os evangélicos conseguem driblar o Coronavirus, garantindo a exportação e o sucesso dessa receita miraculosa também no Exterior, ou assimilarem o Brasil de hoje com os mais retrógrados países da Idade Média, quando havia também rezas, ladáinhas e bebidas miraculosas que, se não curavam os doentes da Peste, garantiam sua ida para os céus. Resultado pernicioso Qual o resultado dessa decisão judicial? Simples: outras igrejas não só evangélicas irão recorrer à Justiça para suas comunidades terem livre ingresso aos seus templos e aos seus cultos, missas e sessões. Sem medo do virus porque serão protegidas por Deus, dentro das mesmas crendices medievalescas, cujo resultado foi danoso para a Europa, cuja população morria como moscas mesmo com o uso de água benta. E, nessa altura, qual deverá ser nossa atitude? De um lado um presidente que convocou o povo para manifestar nas ruas, com o risco de seus seguidores contraírem o Coronavirus, cuja irresponsabilidade jusitifca um impeachment. E, agora, na sequência, um pastor pretensamente protegido por Deus, que insiste em reunir seu rebanho de fiéis incautos em cultos de centenas de pessoas, entre as quais haverá infectados, sujeitos a internação e mesmo risco de morte. Nos dois casos é inquietante a irresponsabilidade. Amboa seriam punidos em qualqueer outro país. E o juiz? Alguém vai entrar com algum recurso que só será julgado quando tiver acabado a crise com o Coronavirus? Sobre esse mesmo tema, clique embaixo e não deixe de ler - Malafaia, Edir Macedo e o fedor da Idade Média https://www.correiodobrasil.com.br/malafaia-edir-macedo-e-o-fedor-da-idade-media/
Direto da Redação é um fórum de debates editado pelo jornalista Rui Martins. Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.
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