Indústria reajusta preço dos remédios acima do permitido

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Publicado quinta-feira, 13 de abril de 2006 as 10:50, por: CdB

Os preços da indústria farmacêutica serão reajustados para 1.039 medicamentos em até 158,67%, patamar acima do limite máximo de 5,51%, autorizado pelo governo em 31 de março último, segundo aponta a pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos (IDUM), divulgada nesta quinta-feira. A pesquisa avaliou os preços de todos os medicamentos registrados e disponíveis no mercado, a partir das informações da própria indústria, divulgadas no caderno de preços oficial do mercado, a Revista ABCFarma, conferindo com os preços em distribuidoras e nas farmácias.

O maior aumento foi registrado para o antibiótico Nemoxil, do Laboratório Neckerman, que, em março, custava R$ 14,30 e passou a custar R$ 36,99, em abril, registrando-se aumento de 158,67%. O antiespasmódico e analgésico Neocopan, do Laboratório Ducto, foi reajustado em 82,67%, passando de R$ 9,06 para R$ 16,55. O antivaricoso Venafort, também do Laboratório Teuto, sofreu reajuste de 58,43%. Já o Losaprol (Lab.Luper), usado no tratamento de úlcera e gastrite, foi reajustado em 40,61%, passando de R$ 24,92 para R$ 35,04. O Primolut Nor (laboratório Schering), usado no tratamento de hemorragias uterinas foi reajustado em 14,95%. O antiacneico Retin-A (Laboratório Jassen-Cilag) foi reajustado em 10% e o medicamento VAC (Lab. Sanofi-Pasteur), utilizado no tratamento da Hepatite-A passou de R$ 96,48 para R$ 110,82, registrando-se um reajuste de 14,86%.

Vários aumentos irregulares foram verificados acima de 6%. Dentre eles: Claritromicina(Lab. Abbott), 6,28%; Zovirax (Lab. Glaxo SmithKline), com reajuste de 9,79%; Ampicilina (Lab. Eurofarma), reajuste de 6,95%; Sonhare ( Lab. Boeringer), reajustado em 6,01%. O IDUM vai encaminhar a pesquisa para a CEMED – Câmara de Medicamentos, órgão responsável pela política de preços, esperando que sejam tomadas as medidas cabíveis. Será encaminhada também cópia da representação feita ao Ministério Público Federal, solicitando o cancelamento de preços dos medicamentos.

Outra pesquisa do IDUM mostra que, nos últimos dez anos, os medicamentos subiram de preços em até 954%. Além disso, muitos benefícios foram dados para a indústria sem o devido repasse para o consumidor. Um desses benefícios foi o anúncio da redução de cerca de 10% nos preços dos medicamentos. A promessa foi feita após a negociação de incentivos tributários, através do PIS/COFINS. No entanto, ”a redução de impostos foi obtida sem que os preços dos remédios fossem reduzidos”, argumenta Antônio Barbosa, coordenador do IDUM.

Barbosa diz ainda que a indústria nunca respeitou os percentuais máximos fixados pelo governo.

– Invariavelmente, aumentam acima do limite permitido – disse.