A respeito da inflação, o BC seguiu repetindo que o comportamento da inflação permanece favorável. Mas ressalvou ser preciso acompanhar possíveis impactos do aumento de incerteza sobre a trajetória do IPCA.
Por Redação – de Brasília
O Banco Central reforçou que vê as incertezas sobre os ajustes na economia como fator de risco principal para a trajetória da inflação, segundo ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira, na qual repetiu que a redução moderada do ritmo do afrouxamento monetário deve se mostrar adequada em sua próxima reunião, em julho, em função da crise política.
“O aumento recente da incerteza associada à evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira dificulta a queda mais célere das estimativas da taxa de juros estrutural e as torna mais incertas”, destacou o BC no documento.
Na semana passada, o BC reduziu a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, a 10,25% ao ano, e já indicou que deve optar por corte menor da Selic em julho, reagindo ao delicado quadro político após delações de executivos da JBS colocarem em xeque o governo do presidente Michel Temer.
Na ata, o BC jogou luz sobre o debate sobre a conveniência dessa sinalização, necessária para dar “direcionamento e elementos para reduzir a incerteza (e o escopo de possibilidades) sobre a trajetória futura da política monetária”, trouxe a ata.
Flexibilização
“Os membros concluíram por sinalizar que uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária deve se mostrar adequada em sua próxima reunião, mas ressaltar que esse ritmo continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação”, acrescentou.
Temer é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa. Ele também pode perder o cargo por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Começou, nesta terça-feira, o julgamento por abuso de poder político e econômico na chapa presidencial composta com Dilma Rousseff, em 2014.
Todo esse cenário levou o mercado futuro de juros a precificar chances de corte entre 0,5 e 0,75 ponto percentual na Selic no mês que vem. Ao fim desse ciclo de afrouxamento, apostam que a taxa básica de juros vai a cerca de 9%.
Na ata, o BC reforçou o discurso de cautela ao citar em diversos trechos as incertezas que rondam o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira.
Inflação em alta
A respeito do avanço de preços na economia, o BC seguiu repetindo que o comportamento da inflação permanece favorável. Mas ressalva ser preciso acompanhar possíveis impactos do aumento de incerteza sobre a trajetória do IPCA.
No boletim Focus mais recente, em pesquisa do BC com economistas, a perspectiva para a inflação foi menor. Em 2017, o índice medido pelo IPCA caiu a 3,90%. Para o ano que vem, ficou estável em 4,40%.
Nos dois casos, seguem abaixo do centro da meta de inflação, de 4,5%. Há uma margem de 1,5 ponto percentual, tanto para 2017 quanto para 2018.
A mediana das expectativas do mercado continua apontando para a Selic a 8,5% ao ano ao fim de 2017.
Saques
A crise se agrava, ainda mais, com a redução no nível da poupança, no país. Nesta terça-feira, a Caixa Econômica Federal estimou em aproximadamente R$ 40 bilhões o valor total a ser sacado pelos trabalhadores das contas inativas do FGTS. A afirmativa foi do presidente do banco estatal, Gilberto Occhi.
O montante representa um aumento em relação à expectativa anterior da instituição. Os saques variaram entre R$ 30 bilhões e R$ 35 bilhões. Para Occhi, desse modo, o Ministério do Planejamento também deverá ser consultado. E rever sua estimativa de impacto dos saques no Produto Interno Bruto (PIB).
Até o dia 2 de junho, foram sacados R$ 27,7 bilhões das contas inativas do fundo, segundo a Caixa.