Investigação aponta para 'máfia do peixe' em caso de desaparecidos na Amazônia

Arquivado em:
Publicado Domingo, 12 de Junho de 2022 às 07:43, por: CdB

Dom Phillips e Bruno Pereira foram vistos pela última vez na manhã do dia 5 de junho, no domingo passado, perto da Terra Indígena do Vale do Javari, na fronteira com o Peru. Os dois estavam na comunidade de São Rafael e voltavam de barco para a cidade vizinha de Atalaia do Norte antes de desaparecerem.

Por Redação, com Sputnik - de Brasília

Uma das principais linhas de investigação policial sobre o desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira na Amazônia aponta para uma rede internacional de aliciamento de pescadores de forma ilegal na região do Vale do Javari, escreveu à agência AP, com informações de autoridades.

desaparecimento-1.jpg
Investigação aponta para 'máfia do peixe' em caso de desaparecidos na Amazônia, diz mídia

A mídia afirma que teve acesso a informações compartilhadas pela polícia com as lideranças indígenas.

Segundo a agência, enquanto alguns policiais, o prefeito da cidade de Atalaia do Norte, Denis Paiva, e outras pessoas da região associam o desaparecimento da dupla a uma chamada "máfia do peixe", a Polícia Federal não descarta outras linhas de investigação.

O esquema seria administrado por empresários locais, que pagariam a pescadores pobres para entrar no Vale do Javari para pegar peixes ilegalmente.

Um dos alvos mais valiosos é o maior peixe de água doce com escamas do mundo, o pirarucu, que pesa até 200 kg e pode atingir três metros. O pescado é vendido em cidades próximas, incluindo Letícia, na Colômbia, Tabatinga, no Brasil, e Iquitos, no Peru, escreveu a agência.

O desaparecimento

Dom Phillips e Bruno Pereira foram vistos pela última vez na manhã do dia 5 de junho, no domingo passado, perto da Terra Indígena do Vale do Javari, na fronteira com o Peru. Os dois estavam na comunidade de São Rafael e voltavam de barco para a cidade vizinha de Atalaia do Norte antes de desaparecerem.

O Exército, a Marinha e a Defesa Civil do país, além da polícia estadual e voluntários indígenas, estão mobilizados nas buscas. Na sexta-feira, a Polícia Federal informou que encontrou 'material orgânico aparentemente humano', que estão sendo analisados.

O único suspeito preso até o momento é o pescador Amarildo da Costa de Oliveira, também conhecido como Pelado.

Segundo relatos de indígenas que estavam com Pereira e Phillips, o suspeito brandiu um fuzil contra eles no dia anterior ao desaparecimento dos dois. Pelado nega qualquer irregularidade. À AP, sua família disse que a polícia militar o torturou para tentar obter uma confissão.

Dom Phillips é colaborador do jornal The Guardian. O indigenista Bruno Araújo Pereira é servidor público, da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Phillips estava trabalhando em um livro sobre a preservação da floresta e entrevistando populações indígenas na região. Já Pereira foi coordenador regional da Funai de Atalaia do Norte por nove anos. Ele vinha recebendo ameaças de morte de grileiros e pescadores ilegais.

Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo