O Irã está determinado a desenvolver todos os tipos de tecnologia nuclear legal, inclusive processos que poderiam ser utilizados para fazer combustível para armas, disse na terça-feira o ministro das Relações Exteriores do país, Kamal Kharrazi.
“O Irã está determinado a buscar todas as áreas legais de tecnologia nuclear, exclusivamente para fins pacíficos”, disse Kharrazi numa conferência sobre desarmamento nuclear patrocinada pela ONU.
O Irã também criticou os Estados Unidos, que o acusam de querer usar o programa de energia para desenvolver armas atômicas, por não ter eliminado seu próprio arsenal nuclear, seguindo o Tratado de Não-Proliferação, de 1970.
“Medidas unilaterais de desarmamento devem ser buscadas vigorosamente”, disse Kharrazi.
A crescente tensão em relação ao Irã e à Coréia do Norte ameaçam ofuscar a conferência de um mês sobre o Tratado de Não-Proliferação, o marco dos pactos de desarmamento.
Na segunda-feira, os EUA pressionaram os 188 países da conferência a garantir que Teerã e Pyongyang não recebam benefícios da energia nuclear pacífica, por terem violado o tratado.
“Por quase duas décadas, o Irã conduziu um programa de armas nucleares clandestino”, disse Stephen Rademaker, secretário-assistente de Estado dos EUA.
Numa declaração claramente endereçada aos três grandes da União Européia — França, Grã-Bretanha e Alemanha –, Kharrazi disse que “ninguém deve ficar com a ilusão” de que abolir o programa de enriquecimento de urânio fornecerá o que chamou de uma garantia objetiva de que Teerã não vá tentar desenvolver a bomba.
As garantias de que o programa iraniano é inteiramente pacífico viriam de inspeções e do monitoramento cuidadoso da Agência Internacional de Energia Atômica, ligada à ONU, afirmou.
O trio europeu quer que o Irã abra mão definitivamente do enriquecimento de urânio em troca de incentivos políticos e econômicos. Depois de quatro meses de negociações, o Irã não aceitou a oferta.
Em novembro, Teerã havia concordado em paralisar temporariamente todas as atividades ligadas a combustível nuclear enquanto o assunto estava na mesa de negociação. Mas o porta-voz de Kharrazi disse em Teerã na terça-feira que o Irã vai retomar algumas atividades de enriquecimento.
Os europeus já advertiram o Irã de que vão adotar a posição dos EUA e submeter o caso ao Conselho de Segurança da ONU, para possíveis sanções, se as atividades forem retomadas.
Mohamed ElBaradei, chefe da AIEA, pediu ao Irã na segunda-feira que não “tome uma decisão unilateral para dar início a atividades que estão suspensas”.