Irã contrabandeia grafite para armas, diz exilado

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Publicado sexta-feira, 20 de maio de 2005 as 19:30, por: CdB

O Irã está usando empresas de fachada para driblar os controles internacionais e comprar um composto de grafite que pode ser usado em armas nucleares e convencionais, disse na sexta-feira um exilado iraniano.

A acusação feita por Alireza Jafarzadeh, um dissidente que já fez relatos precisos sobre instalações nucleares ocultas do Irã, ocorre dias antes de uma importante reunião entre União Européia e o principal negociador nuclear de Teerã, em Genebra, para convencer o país a não retomar seu programa de enriquecimento de urânio, fonte potencial de combustível para armas nucleares.

“O Irã está contrabandeando para dentro do país um material importante para construir uma bomba nuclear”, disse Jafarzadeh, que era porta-voz do Conselho Nacional da Resistência do Irã antes de o grupo ser qualificado como terrorista pelos EUA e ter seu escritório em Washington fechado.

Falando à Reuters em Washington, onde mantém uma empresa de consultoria, Jafarzadeh disse que a substância controlada se chama composto de matriz cerâmica. O dissidente afirmou ter recebido a informação “de fontes bem colocadas dentro do Irã”.

“O Irã está superando os controles de exportação com a ajuda de companhias de fachada, inclusive uma em Dubai”, disse Jafarzadeh. Parte da grafite teria sido comprada na China e seu destino seria a indústria da defesa.

Autoridades iranianas não foram localizadas para comentar o assunto. Teerã rejeita as acusações norte-americanas de que pretenda desenvolver armas nucleares. O país diz que seu programa atômico é voltado exclusivamente à geração de eletricidade para fins civis.

A grafite tem numerosos usos civis, na siderurgia, por exemplo. Mas também é usada em mísseis convencionais e nucleares – como a preparação de cápsulas para urânio usado em ogivas.
Segundo o Departamento de Defesa dos EUA, o composto de matriz cerâmica é uma substância estritamente controlada, essencial para tecnologias bélicas.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) está investigando o programa nuclear iraniano há mais de dois anos. Ela já descobriu várias atividades secretas possivelmente ligadas a armas, mas não obteve provas de que existam preparativos para uma bomba atômica.

Alguns analistas dizem que Jafarzadeh e seu grupo sempre divulgam suas acusações de forma que coincidam com negociações entre União Européia e Irã ou reuniões da direção da AIEA.
Jafarzadeh rejeita tal crítica. “Essa gente quer me silenciar porque há negociações com o Irã? Dou informações quando as tenho”, afirmou.

Os três principais países da União Européia – França, Grã-Bretanha e Alemanha – se reúnem na quarta-feira em Genebra, segundo informação de diplomatas à Reuters. Os europeus esperam convencer Teerã a manter a suspensão das atividades relativas ao enriquecimento de urânio, pois do contrário pode haver uma crise internacional.