Tropas israelenses ocuparam nesta quarta-feira uma importante cidade da Cisjordânia, matando um policial palestino durante uma ofensiva contra militantes que reivindicaram um sangrento atentado na região central de Israel.
Sinalizando sua determinação de levar adiante a desocupação da Faixa de Gaza, Israel vetou definitivamente o acesso de não-residentes aos assentamentos do território ocupado, para impedir sua ocupação por adversários da operação, marcada para agosto.
A explosão de terça-feira, que matou duas adolescentes e duas mulheres em frente a um shopping center da cidade litorânea de Netanya, provocou uma imediata reação militar israelense.
Retornando à cidade que havia sido entregue há quatro meses à Autoridade Palestina, o Exército disse que a ofensiva em Tulkarm vai durar vários dias.
– Ordenei à polícia e aos serviços israelenses de segurança que lancem um ataque rígido contra a organização terrorista Jihad Islâmica e seus comandantes – disse o primeiro-ministro Ariel Sharon a jornalistas.
A Jihad Islâmica, que se distanciou da trégua que Israel e Autoridade Palestina declararam em fevereiro, assumiu a responsabilidade pelo atentado, em resposta a ações israelenses anteriores para deter militantes.
Foi o primeiro atentado suicida em território israelense nos últimos cinco meses. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, o qualificou de “idiota”.
Ao entrar em Tulkarm, as tropas israelenses dispararam contra um posto palestino de segurança, matando um policial. Testemunhas disseram que não houve provocação prévia.
O general Yair Golan, comandante das forças israelenses na Cisjordânia, disse à Rádio Israel que a polícia palestina disparou contra os soldados, que reagiram.
O vice-primeiro-ministro palestino, Nabil Shaath, condenou a ação militar israelense, que seria “uma nova violação de todos os acordos”.
Já a proibição do acesso a Gaza, assinada por Sharon, deve permanecer em vigor até que o Exército conclua a desocupação de todos os 21 assentamentos judaicos da Faixa de Gaza e de 4 dos 120 da Cisjordânia.
– A partir de hoje, a entrada será restrita no território a ser abandonado na Faixa de Gaza e no norte da Samaria Cisjordânia, de acordo com a lei da desocupação – disse o gabinete de Sharon.
A medida foi antecipada porque ultranacionalistas pretendiam realizar uma marcha na segunda-feira até o assentamento de Gush Katif, em Gaza. O ato poderia atrair milhares de manifestantes pró-colonos.
Os nacionalistas religiosos se sentem traídos por Sharon com a desocupação e dizem que a entrega desses territórios bíblicos seria uma recompensa ao “terrorismo” palestino.
Em um vídeo de despedida, o militante suicida Ahmed Abu Khalil, estudante de 18 anos da aldeia de Attil, na região de Tulkarm, aparece com um capuz preto e diz:
– Reiteramos nosso compromisso com a calma, mas temos de retaliar pelas violações israelenses – disse.
Apesar da violência, países ocidentais esperam que a desocupação de Gaza leve à retomada do processo de paz na região. Os palestinos temem que a devolução dessa pequena e miserável região seja um mero pretexto para que Israel consolide seu domínio sobre a Cisjordânia, o que inviabilizaria a criação de um Estado palestino.
Sharon diz que não negocia a independência palestina até que Abbas desmantele grupos militantes, como prevê a proposta de paz norte-americana. Abbas diz que prefere cooptar os militantes para a vida política, ao invés de confrontá-los, porque teme uma guerra civil.