Itamaraty desmente notícia falsa que Bolsonaro quer manter em circulação, nas redes sociais

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Publicado Sexta, 28 de Maio de 2021 às 14:10, por: CdB

Parlamentares que integram a CPI da Covid sustentam que declarações de Bolsonaro contra a China prejudicaram a campanha de vacinação no Brasil. A produção dos imunizantes CoronaVac e Oxford/AstraZeneca dependem, fundamentalmente, de insumos exportados pelo país asiático. 

Por Redação - de Brasília

Em documento entregue à CPI da Covid, nesta sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, disse que o Itamaraty não forneceu qualquer informação sobre uma suposta "guerra química" relacionada ao coronavírus. No dia 5 de maio, contudo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o vírus pode ter sido criado em laboratório e falou em uma "nova guerra".

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O Instituto Rio Branco forma diplomatas para o Itamaraty

— Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Não vou dizer para vocês — disse o presidente, no que foi interpretado como uma referência à China, onde foram detectados os primeiros casos de covid-19, no final de 2019.

O Itamaraty, em resposta a um requerimento que o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) fez na CPI da Covid, disse que nunca produziu qualquer tipo de documento sobre o assunto.

Fake news

"Este Ministério não produziu ou forneceu informação sobre a possibilidade de estar em curso uma guerra não declarada, promovida por nação estrangeira, por meio de guerra, química, bacteriológica e radiológica", diz a resposta assinada pelo chanceler.

Parlamentares que integram a CPI sustentam que declarações de Bolsonaro contra a China prejudicaram a campanha de vacinação no Brasil. A produção dos imunizantes CoronaVac e Oxford/AstraZeneca dependem de insumos exportados pelo país asiático.

Este é apenas um exemplo de fake news que o governo federal e a tropa de choque bolsonarista, no Congresso, defendem e exigem que permaneça em circulação. Trata-se de uma ofensiva, junto às redes sociais, na tentativa de se blindar contra suspensões de contas e remoções de conteúdo, durante a campanha presidencial do ano que vem.

Conteúdo

A minuta de um decreto presidencial, que veio a público na semana passada, soma-se a 12 outros projetos de lei na Câmara – 11 deles de deputados do PSL – que objetivam a proibição, por parte das redes sociais, de suspender contas ou remover ou rotular conteúdos sem autorização judicial prévia, a não ser em situações específicas.

Os projetos de lei e o decreto foram inspirados em uma ordem executiva baixada pelo presidente Donald Trump, em maio do ano passado, e em uma lei anunciada pelo governo da Polônia em janeiro deste ano. Na prática, tanto o decreto quanto os projetos de lei impedem plataformas como Facebook, Twitter, Instagram e YouTube de remover conteúdo que recomende medicamentos ineficazes contra a covid-19 ou estimule aglomeração, e impossibilita suspensão de conta se algum político, por exemplo, incitar a população a invadir seções de votação para verificar se houve fraudes na urna eletrônica.

— Criando essas restrições à remoção de conteúdo e suspensão de contas, eles querem justamente impedir que aconteça com eles o que aconteceu com Donald Trump — disse Caio Vieira Machado, diretor do Instituto Vero e Pesquisador da Universidade Oxford, ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, nesta tarde.

Trump foi banido do Twitter e suspenso por tempo indeterminado do Facebook e do YouTube por conclamar apoiadores a irem ao Capitólio questionar o resultado das eleições.

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