Jacques Wagner vem de longe. Era o favorito em 2010, para suceder ao presidente Lula. Mas Lula, provando não ser infalível, escolheu Dilma Rousseff, a presidenta incontrolável que levou Lula e o PT ao caos. Dilma, derrotada em Minas Gerais, agora é passado e chegou a hora e vez de Wagner. Eleito senador pela Bahia, é ele quem poderá salvar a candidatura de Fernando Haddad e evitar que o Brasil caia num governo de programa fascista e repita em termos brasileiros a desgraça que se abateu sobre o Peru com a eleição em 1990 do populista de direita, Alberto Fujimori, autor, logo a seguir, de um golpe e que ficou dez anos no poder até fugir ao Japão para escapar a processos. Só existe uma única possibilidade do Brasil evitar Bolsonaro: a criação do programa de uma frente ampla democrática reunindo direita, centro e esquerda. Wagner veio para isso. (Nota do Editor Rui Martins).
Por Celso Lungaretti, de São Paulo:

Por esquivar-se da imprescindível autocrítica desde o impeachment de Dilma Rousseff, o PT até agora vinha se recusando a reconhecer quão ameaçador é o populismo de extrema-direita que:
- deu o ar de sua desgraça nas manifestações de rua de 2013;
- avolumou-se nas de 2016 e não cessou de acumular forças desde então;
- duas vezes esteve envolvido em ações concertadas para forçar o impedimento de Michel Temer;
- tentou aproveitar a paralisação selvagem dos caminhoneiros para provocar uma quartelada, e
- tem sido a força propulsora da candidatura de Jair Bolsonaro.
![]() |
Com sua obsessão em fazer o povo brasileiro acreditar que o defenestramento da rainha louca teria resultado de um golpe e que Lula seria um prisioneiro político, o PT subestimou grosseiramente o risco Bolsonaro.Desperdiçou esforços e afugentou possíveis aliados ao priorizar o acerto de contas do passado, quando deveria é estar garantindo que houvesse um futuro.
E, claro, inexistisse tanta soberba no PT e provavelmente o candidato do bloco da esquerda buscaria o entendimento com as forças alheias dispostas a apoiá-lo, ao invés de bater-lhes com a porta na cara, como o Vinícius Torres Freire destacou (vide aqui).
Mas, para chegarem a isto, o PT e Lula teriam de haver percebido quão perigoso é esse neofascismo que há cinco anos procura uma brecha para assenhorar-se do poder; e precisariam ter a humildade de enxergarem as prioridades da esquerda e dos brasileiros civilizados em geral como bem mais importantes do que seus exclusivos interesses partidários.
![]() |
A autocrítica agora terá de ser na prática |
Que os dirigentes petistas coloquem a mão na consciência e se compenetrem de que só eles podem agora barrar a escalada neofascista, mudando radicalmente o tom de sua campanha nas últimas três semanas e sabendo explorar os erros crassos que os três principais expoentes inimigos igualmente cometem (e em escala maior ainda!).
O liberticida apenas capitaliza o ódio despertado pelas gritantes mazelas do Estado brasileiro, escancaradas pela Operação Lava-Jato. Se trouxer a discussão para o plano das medidas a serem tomadas para tirar o Brasil da recessão e para pacificar nosso país antes que estejamos matando uns aos outros pelas ruas, Haddad calará o pregador do caos, cujo programa de governo é um amontoado de contradições, estultices e propostas irrealizáveis.
O desabafo e a catarse já aconteceram. Os cidadãos que estavam indo contra seus interesses movidos por um estado de espírito rancoroso e por um efeito-manada, podem agora cair na real, se tomarem conhecimento de que o preço por eleger-se um aventureiro desequilibrado como presidente é amargar mais recessão e turbulências ainda, como aconteceu depois da renúncia de Jânio Quadros.
Algumas dessas propostas podem até ser dignas de discussão, mas só depois de o PT reconquistar a confiança geral da população quanto à sua condição de partido responsável, na economia e na política.
Haddad é perfeitamente capaz de levantar as bandeiras que o PT precisa defender, mas o partido precisa deixá-lo vencer. É preciso terminar de ganhar os votos que eram de Lula entre os pobres, o que o PT sabe fazer.
Um partido de esquerda moderado sempre será favorito nas eleições brasileiras —o PT pode vencer a quinta presidencial seguida daqui a três semanas. É a última chance que o Partido dos Trabalhadores —de longe, o maior vitorioso de nossa história democrática, e, portanto, o maior interessado na preservação de nossa democracia —terá de desempenhar esse papel.
A sobrevivência da conversa democrática brasileira, a sobrevivência tanto da centro-esquerda quanto da centro-direita, nossa participação na comunidade das nações livres, depende da derrota de Jair Bolsonaro.
Evidentemente, haverá muito a ser feito depois, já que o capitalismo continuará impulsionando a desigualdade econômica e social, a barbárie, a destruição do nosso habitat natural e a infelicidade permanente dos seres humanos:
— os que têm muito, por levarem existências vazias, sem comunhão com os demais seres humanos, nas quais só obtêm o que seu dinheiro pode comprar; e
.
— os que têm pouco, por estarem sempre a um passo da miséria, obrigados a jornadas de trabalho massacrantes que há muito deixaram de ser necessárias e compelidos à competição canibalesca com seus iguais.
Mas, estamos em estado de emergência. Lembremo-nos de que, ao sucumbir às invasões bárbaras, Roma condenou a humanidade a um retrocesso atroz e a um milênio de trevas. Não temos o direito de omitir-nos face à escalada da desumanidade! (por Celso Lungaretti)
ERROS DO PT PODERÃO ENTREGAR O PODER AOS FASCISTAS
Candidatura fantasma do Lula: contraproducente. |
![]() |
Zé Dirceu e sua bravata pra lá de inoportuna… |
Direto da Redação é um fórum de debates editado pelo jornalista Rui Martins.