Temer já responde, no Supremo Tribunal Federal (STF), há cerca de um mês, por corrupção passiva. Ele foi citado na delação premiada de Joesley Batista, dono do Grupo J&F.
Por Redação – de Brasília
Procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot reúne o máximo possível de provas dos crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa em uma única denúncia contra o presidente de facto, Michel Temer. A peça acusatória deverá estar pronta antes de Janot deixar o cargo, em setembro.
Temer já responde, no Supremo Tribunal Federal (STF), há cerca de um mês, por corrupção passiva. Ele foi citado na delação premiada de Joesley Batista, dono do Grupo J&F. A acusação segue com o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte Suprema. Ele a encaminhou para aprovação da Câmara, que precisa autorizar o prosseguimento da denúncia. A votação, em Plenário, está marcada para o início do próximo mês, após o fim do recesso parlamentar.
Loteamento
A PGR chegou a avaliar o oferecimento de mais duas denúncias contra Temer. Agora, no entanto, trabalha com a possibilidade de oferecer apenas uma, com os dois crimes reunindos.
O oferecimento da nova denúncia depende, porém, que o inquérito sobre o PMDB da Câmara, pelo crime de quadrilha, seja encerrado. Desmembrada do inquérito original que tramita no STF e investiga a atuação do PT, PMDB e PP na Petrobras, a apuração contra os peemedebistas da Câmara mira nos políticos aliados de Temer que ocuparam importantes cargos na Petrobras e na Caixa.
O PMDB vê, assim, o cerco contra a cúpula do partido se fechar. Seis senadores e dois dos principais aliados de Temer já são alvo de 24 inquéritos no Supremo. Um deles, o senador Valdir Raupp (RO), já é réu numa ação penal. Boa parte das investigações foi autorizada no STF, três anos após a Lava-Jato ter revelado o loteamento da Petrobras entre o PT, PMDB, PP e PSDB.
Corruptores
Segundo a PGR, Temer recebeu propina do Grupo JBS e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures agiu como intermediário. A aceitação da denúncias depende do voto de 342 deputados. Desde que o caso foi revelado, Temer nega as acusações.
A confissão do lobista Jorge Luz ao juiz Sergio Moro, na semana passada, revelou uma conta do PMDB na Suíça. Segundo Luz, o dinheiro era movimentado pelo deputado Aníbal Gomes (CE), braço direito do senador Renan Calheiros (AL).
No grupo, Renan é o político que responde ao maior número de inquéritos. É alvo, atualmente, de dez investigações no STF. Em quatro delas, outros caciques do partido, como os senadores Edison Lobão (MA), Romero Jucá (RR), Jader Barbalho (PA) e Raupp (RO), também são investigados. As acusações se estendem desde a suposta formação de organização criminosa para atuar no esquema de corrupção da Petrobras até venda de Medidas Provisórias adequadas às necessidades dos corruptores.