Jean-Claude Juncker diz que euro deve unir a Europa e não dividi-la

Arquivado em:
Publicado Quarta, 13 de Setembro de 2017 às 09:55, por: CdB

Presidente da Comissão Europeia afirma que moeda deve ser adotada pela UE como um todo, e não apenas por um seleto grupo de países. Ele lamenta saída do Reino Unido, mas aponta que Brexit não é o futuro do bloco

Por Redação, com DW - de Londres:

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, defendeu nesta quarta-feira em seu discurso anual sobre o estado da União Europeia (UE), que todos os países-membros do bloco adotem o euro.

juncker.jpg
Juncker apontou prioridades da UE para o próximo ano: comércio, indústria, clima, cibersegurança e migração

– Se queremos que o euro una em vez de dividir o nosso continente, então, ela deveria ser mais que a moeda de um seleto grupo de países – declarou Juncker. "O euro deve ser a única moeda da União Europeia como um todo." Atualmente, dos 28 países-membros da UE, 19 integram a zona do euro.

No Parlamento Europeu em Estrasburgo, o presidente da Comissão Europeia afirmou que o bloco deve aproveitar os "ventos favoráveis" para construir uma Europa mais forte e reconquistar os "corações e mentes" dos europeus.

– O vento é outra vez favorável, temos agora uma janela de oportunidade que não vai ficar aberta para sempre. Aproveitemos ao máximo o bom momento e o vento em nossas velas – afirmou.

Ele ressaltou a necessidade de dar novos passos no processo de repensar o futuro do bloco, iniciado há cerca de um ano. E também apontou as áreas que devem ser prioridade para a UE no próximo ano: comércio, indústria, mudanças climáticas, cibersegurança e migração.

Turquia, migração e cibersegurança

O político luxemburguês se pronunciou favorável à inclusão da Romênia e da Bulgária, membros da UE desde 2007, na zona de livre-circulação de Schengen.

Quanto à Turquia, ele afirmou que a adesão do país ao bloco está ameaçada em razão das medidas autoritárias adotadas pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

– Nossa União não é um Estado, mas é governada pelo Estado de direito – disse Juncker. "E isso, por si só, exclui a possibilidade de adesão da Turquia no futuro próximo."

Em relação a políticas migratórias, a UE deverá propor em breve meios para ampliar a deportação de requerentes de asilo; que tiveram seus pedidos negados. Essa medida é considerada essencial para fazer com que os Estados-membros do bloco compartilhem a responsabilidade e ampliem a ajuda aos refugiados.

Está nos planos do bloco a criação de uma agência europeia de cibersegurança. Juncker também defendeu o estabelecimento de uma nova unidade de inteligência europeia; para coordenar o compartilhamento de informações sobre indivíduos suspeitos; e dar à Promotoria Pública Europeia o poder de investigar atividades terroristas. Uma União de Defesa Europeia, apoiada pela Otan, deverá ser concluída até 2025.

Novos acordos comerciais e Brexit

Juncker defendeu o reforço do programa europeu de comércio; o fechamento de acordos comerciais com vários parceiros e ressaltou a necessidade de tornar a indústria "mais forte e competitiva"; respeitando os consumidores em vez de enganá-los .

O presidente da Comissão Europeia propôs a criação de uma estratégia de políticas industriais para ajudar as empresas a se tornarem; ou permanecerem "líderes mundiais em inovação, digitalização e descarbonização".

Ele prometeu concluir até o final do ano as negociações dos acordos comerciais com o Mercosul; liderado por Brasil e Argentina, e o México; e propôs limitar a capacidade da China de adquirir empresas europeias de infraestrutura; tecnologia e energia. Juncker disse ainda que a Comissão Europeia vai iniciar negociações de livre-comércio com a Austrália e a Nova Zelândia.

Ele considerou "trágica" a saída do Reino Unido do bloco europeu. Mas ressaltou que isso não deve impedir que o resto do bloco avance de modo ambicioso em políticas de integração. "Continuaremos a avançar, porque o Brexit não é tudo, não é o futuro da Europa."

Ministro das Finanças da UE

Juncker reforçou a necessidade da criação do cargo de ministro das Finanças e Economia da UE. A proposta é semelhante à feita pelo presidente francês; Emmanuel Macron, que afirma que a zona do euro precisa de instituições mais fortes para evitar impactos como os causados pela crise da dívida ou pelo Brexit.

– Não estou pedindo a criação de um novo cargo apenas por fazê-lo. Estou pedindo eficiência – afirmou. Ele explicou que um membro do alto escalão da Comissão Europeia poderia se encarregar de coordenar as políticas econômicas da zona do euro.

Juncker pediu que todos os Estados-membros entrem na União Bancária Europeia; que visa unificar a supervisão sobre as instituições bancárias em todo o bloco e estabelecer padrões comuns em relação a políticas de trabalho e sociais.  

Ele sugeriu ainda uma fusão dos cargos de presidente da Comissão Europeia e do Conselho Europeu; para que as estruturas do bloco se tornem mais compreensíveis dentro e fora da Europa.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo