Em nota mentirosa e descabida, assinada pela colaboradora Carol Lira, o sítio Boatos.org tenta desmentir, sob falsas alegações, a matéria do Correio do Brasil. Em primeira mão, a reportagem do CdB denuncia tratativas de empresas multinacionais e setores do poder estabelecido para a privatização do Aquífero Guarani
Por Gilberto de Souza – do Rio de Janeiro
A página Boatos.org, na figura de seu mantenedor, Edgard Matsuki – que se auto-classifica como “jornalista de tecnologia” (sic) – será processada por dano moral ao Correio do Brasil por sugerir que o jornal, com mais de 16 anos de circulação, diária e ininterrupta, tenha divulgado uma matéria inverídica aos nossos leitores.
Em nota mentirosa e descabida, assinada pela colaboradora Carol Lira, aquele sítio na internet tenta desmentir, sob falsas alegações, a matéria do Correio do Brasil que, em primeira mão, denuncia tratativas entre empresas multinacionais e os setores do poder estabelecido para a privatização do Aquífero Guarani.
Leia, adiante, a resposta do editor-chefe do Correio do Brasil:
Prezados.
Creio que os senhores não leram a matéria do Correio do Brasil ou agem, propositalmente, em defesa de um governo ilegítimo e privatista, como é o caso deste do presidente de facto, Michel Temer, recebendo alguma recompensa, ou não, para prestar serviço tão sujo. Não imagino que pagamento seria suficiente para mover esta tentativa torpe de inflingir tamanho dano moral aos editores deste vetusto diário. Não será pouco, certamente.
Mas vamos lá:
1) O Correio do Brasil relata, em primeira mão, citando fonte próxima às negociações, uma série de tratativas destinadas à privatização do Aquífero Guaraní. Cito:
“O Aquífero Guaraní, reserva de água doce com mais de 1,2 milhão de km², deverá constar na lista de bens públicos privatizáveis, a exemplo das reservas de petróleo no pré-sal e da estatal federal de energia, Eletrobras”. Procurados à época, os assessores da Casa Civil do então governo interino não retornaram as ligações para negar, ou confirmar, as tratativas denunciadas.
2) O fato de a reserva estratégica de água não figurar na lista inicial de bens públicos privatizáveis não significa que a reportagem do CdB, ao ouvir fonte digna de crédito por parte do jornal, tenha cometido qualquer deslize jornalístico, uma vez que as negociações ainda não foram concluídas, segundo a fonte. Cito:
“As negociações com os principais conglomerados transnacionais do setor, entre elas a Nestlé e a Coca-Cola, seguem ‘a passos largos’.
— Representantes destas companhias têm realizado encontros reservados com autoridades do atual governo, no sentido de formular procedimentos necessários à exploração pelas empresas privadas de mananciais, principalmente no Aquífero Guarani, em contratos de concessão para mais de 100 anos — acrescentou (a fonte)“.
3) E, por último, em momento algum o Correio do Brasil precisou a data do anúncio deste que, a se confirmar, será o maior escândalo do século. Maior até do que a iminente venda do pré-sal, conforme citado anteriormente. Em nenhum momento foi dito que os sucessores da presidente Dilma Rousseff, deposta após o golpe em curso, anunciariam a privatização do aquífero na primeira lista das empresas públicas que seguirão para o garrote do governo ilegítimo. Cito:
“O anúncio DEVE conter uma lista de “CONCESSÕES MAIS IMEDIATAS”, como aquelas dos aeroportos de Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Salvador (BA) e Fortaleza (CE) e dos terminais de passageiros dos portos de Fortaleza e Recife (PE). ALÉM DISSO, DEVE haver uma outra relação de projetos a serem concedidos ou privatizados NO MÉDIO PRAZO, com leilões que PODEM OCORRER EM ATÉ UM ANO, como das distribuidoras de energia da Eletrobras e DOS MANANCIAIS DE ÁGUA DOCE”. (O grifo é nosso).
O Correio do Brasil reafirma o conteúdo da citada matéria e despreza a tentativa de desqualificação do jornalismo sério e independente que exerce, há mais de 16 anos. Alertamos, ainda, que o verdadeiro boato está sendo praticado por este site que acusa o CdB. O desserviço à população brasileira reside na afirmação dos senhores de que “o Aquífero Guarani não será privatizado pelo governo Temer”. Os senhores realmente garantem esta informação? Serão capazes de sustentá-la?
Os senhores baseiam esta afirmativa em outra, tão etérea quanto, ao dizer que a dificuldade para privatizar o Aquífero Guarani estaria na necessidade de se aprovar, no Congresso, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Mais ou menos semelhante a esta que a Câmara acaba de garantir para o congelamento criminoso, por 20 anos, dos investimentos em Saúde e Educação. De duas, uma: ou os senhores têm uma procuração do grupo que assumiu o Palácio do Planalto para fazer tal afirmativa em nome dele e, desta forma, tornam-se cúmplices. Ou são apenas um bando de iludidos e pueris que se imagina fazendo algum tipo esdrúxulo de compilação jornalística.
Sem mais.
Gilberto de Souza
Editor-chefe
Correio do Brasil