Juros permanecerão na estratosfera até final do ano, preveem economistas

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Publicado segunda-feira, 22 de agosto de 2016 as 15:28, por: CdB

Segundo o Focus, a mediana de médio prazo do Top 5 mostrou que os juros vão encerrar este ano a 14,25%, mesmo patamar que está há mais de um ano

 

Por Redação – de Brasília e São Paulo

 

Os economistas que mais acertam as previsões na pesquisa Focus do Banco Central passaram a ver que a autoridade monetária não vai mais cortar a taxa básica de juros neste ano, ao mesmo tempo em que passaram a ver mais inflação em 2016, mostrou o levantamento semanal divulgado nesta segunda-feira.

Taxa média de juros
A taxa de juros tende a permanecer nos atuais patamares até dezembro deste ano, segundo o BC

Segundo o Focus, a mediana de médio prazo do Top 5 mostrou que a Selic vai encerrar este ano a 14,25%, mesmo patamar que está há mais de um ano. Até então, esse grupo acreditava que a taxa fecharia 2016 a 13,75%. Para 2017, foram mantidas as estimativas de a Selic chegará a 11,25%.

O Top 5 também passou a ver mais inflação neste ano, com alta do IPCA a 7,51%, sobre 7,41% no Focus anterior, estourando a meta do período –de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos. Para 2017, manteve a conta de alta de 5,25%.

Os preços de alimentos continuaram pressionando a inflação. Em julho, o IPCA subiu 0,52%, acima do esperado em pesquisa da agência inglesa de noticias Reuters, e acumulando alta de 8,74% em 12 meses. A pesquisa Focus mostrou ainda que, na mediana geral dos economistas consultados, a projeção para a Selic tanto em 2016 quanto em 2017 não mudaram, a 13,75 e 11%, respectivamente.

Sobre a alta do IPCA, as estimativas para o IPCA em 2017 recuou para 5,12%, sobre 5,14% na semana anterior. A meta de inflação para o próximo ano é de 4,5%, com margem de 1,5 ponto percentual Para 2016, a estimativa do mercado para a alta do IPCA foi mantida pela segunda semana seguida em 7,31%.

A inflação persistentemente elevada tem levado o BC a reiterar que não há espaço para corte na taxa básica de juros no curto prazo.
A expectativa dos economistas no Focus para a retração do Produto Interno Bruto (PIB) este ano permaneceu em 3,20%. Para 2017, a projeção melhorou, com expansão de 1,20%, sobre 1,10% na semana passada.

Nível dos estoques

Apesar dos juros e da inflação em alta, conforme preveem os economistas ouvidos na pesquisa Focus, os estoques no comércio varejista da Região Metropolitana de São Paulo alcançaram em agosto níveis considerados como adequados pelo setor pela primeira vez desde julho de 2015, segundo índice divulgado pela FecomercioSP nesta segunda-feira.

O indicador de adequação dos estoques subiu 2,3% em agosto ante julho, quarta alta seguida, para 101,6 pontos. Na comparação anual houve alta de 6,4%, disse a entidade. O Índice de Estoques (IE) capta a percepção dos comerciantes sobre o volume de mercadorias estocadas nas lojas e varia de zero (inadequação total) a 200 pontos (adequação total). A marca dos cem pontos é o limite entre inadequação e adequação.

“As expectativas para 2016 eram de fato negativas, mas vêm melhorando há quatro meses, fortalecendo o caminho para uma recuperação em 2017”, afirmou, em nota, a assessoria econômica da entidade. “O resultado do índice em agosto aponta redução modesta dos excessivos estoques em um momento crucial para o varejo, quando se começa a pensar nas vendas de Natal”, acrescentou.

Ainda de acordo com o levantamento, a proporção de empresários que consideram seus estoques adequados ultrapassou os 50% também pela primeira vez desde julho de 2015, com essa cota em 50,5%, alta de 0,8 ponto percentual ante julho e de 2,9 pontos frente a um ano antes. A parcela que vê os estoques acima do adequado passou de 36,8% em julho para 35,5 em agosto e a que diz estar com estoques baixos variou de 13,6 para 13,4% no período.