Justiça vê legalidade na greve da PF

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Publicado Quarta, 14 de Abril de 2004 às 19:24, por: CdB

A Justiça Federal de São Paulo decidiu nesta quarta-feira pela legalidade da greve da Polícia Federal, que dura 36 dias, mas o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, prometeu endurecer a posição do governo.

A decisão da juíza Paula Mantovani Avelino contrariou pedido da Advocacia Geral da União e proíbe o governo de descontar os dias parados dos salários dos grevistas.

``Nós vamos retirar a nossa proposta e vamos tomar todas as providências que se fizerem necessárias: cortar pontos, obedecer as determinações judiciais e questionar os que negarem isso'', disse Bastos a repórteres.

Ele repetiu que vai abrir novas vagas para reforçar a Polícia Federal e liberar um crédito de 60 milhões de reais para acertar as contas da instituição.

A juíza descartou também a ilegalidade da chamada operação padrão, que vinha sendo realizada nos principais aeroportos do país, por entender que o serviço não foi paralisado e não houve nenhum abuso que levasse ao constrangimento dos passageiros.

``A submissão de todos os passageiros ao procedimento de revista, antes realizado por amostragem, não pode ser taxada de ilegal, ainda que provoque transtornos, os quais poderiam ser evitados com o aumento do número de servidores'', disse a juíza em seu despacho.

Os grevistas fizeram uma manifestação em frente ao Ministério da Justiça nesta quarta-feira para rejeitar a proposta de reajuste salarial de 17 por cento feita pelo governo no começo da semana.

Os policiais montaram um serviço de entrega de pizzas e fizeram um grande ``almoço'' no local. Segundo o Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal, 200 pizzas foram servidas para cerca de 150 pessoas.

Em vez das tradicionais pizzas de muzzarela, portuguesa e aliche, o cardápio era formado pelos sabores Paulo Lacerda (diretor da PF), Waldomiro Diniz (ex-assessor da Presidência acusado de corrupção) e Márcio Thomaz Bastos (ministro da Justiça), entre outros.

``Resolvemos usar uma nova arma contra a intransigência do governo: o bom humor. Essa pizzaria é para mostrar o repúdio da categoria à maneira como o ministro conduz as negociações'', disse o agente Josiel Brito.

Agentes, papiloscopistas e escrivães reivindicam o cumprimento de uma lei de 1996, que prevê a elevação desses cargos para o status de nível superior, o que representaria um aumento de 35 por cento na média dos salários, chegando ao pico de 85 por cento.

MAIS GREVES

Na terça-feira, foi a vez dos auditores da Receita Federal iniciarem uma greve, prevista para durar até 22 de abril, após rejeitarem proposta de reajuste salarial do governo de 30 por cento em forma de gratificação.

Eles reivindicam aumento no vencimento básico e isonomia entre os valores dos servidores ativos e aposentados.

``Se não houver sinalização de melhoria da proposta ou abertura de negociações podemos estender o prazo da greve'', disse o diretor de assuntos parlamentares do Sindicato Nacional dos Auditores da Receita Federal (Unafisco), Pedro Delarue.

Os auditores são responsáveis pela arrecadação federal, controle aduaneiro e fiscalização de mercadorias.

No Rio de Janeiro, funcionários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fizeram uma paralisação de 24 horas por melhores salários, sem afetar o seu calendário de divulgação de dados. Neste fim de semana, uma assembléia decidirá sobre uma greve por tempo indeterminado, segundo uma funcionária que não quis se identificar.

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