Por Redação, com ABr – de Brasília:
O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, disse, nesta segunda-feira, que a prisão do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu no âmbito da investigação da Operação Lava Jato não preocupa o governo da presidenta Dilma Rousseff. Com a prisão de Dirceu, a operação chegou ao núcleo político que comandava o Palácio do Planalto na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
– Todos nós confiamos muito na conduta da presidenta Dilma e em nenhum momento passa por nós nenhuma expectativa de que se aproxime dela nenhuma investigação, nem de seu governo – disse Kassab após participar da reunião de coordenação política com Dilma e mais dez ministros.
De acordo com o ministro da Defesa, Jaques Wagner, a prisão de Dirceu não foi assunto do encontro ministerial, mas preocupa o governo por causa do ambiente de instabilidade política que o país vive.
– Precisamos ter dois canais paralelos: as investigações seguem e o país também segue funcionando e com a economia funcionando. O ambiente é que a gente tem que tentar melhorar para poder estimular investidores e estimular a economia a crescer – avaliou.
Wagner disse que a preocupação do governo com a estabilidade política e econômica do país não é nenhuma crítica a atuação dos investigadores e às prisões feitas na Lava Jato.
– Alguns querem interpretar que a gente está contra [a operação]. Não tem nada contra, até porque não tem como ser contra a sequência da investigação, tudo tem que ter um desfecho. O que estou falando é que a gente dorme e acorda sempre com uma notícia dessa, então do ponto de vista do ambiente empresarial, de negócios, essa é minha preocupação maior. Se a gente está precisando de uma retomada, você precisa ter algum grau de estabilidade para que os investimentos ocorram normalmente – afirmou.
Dirceu foi preso preventivamente na 17ª fase da Operação Lava Jato, em Brasília, e é apontado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal como criador e beneficiário do esquema de corrução na Petrobras. Segundo os investigadores, Dirceu, na época em que era ministro da Casa Civil no governo Lula, nomeou Renato Duque para Diretoria de Serviços da estatal, onde foi iniciado o esquema de superfaturamento de contratos da Petrobras.
“Presidência da Câmara não pode virar bunker da oposição”
O ministro da Defesa, Jaques Wagner, minimizou as divergências entre o governo e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas disse que espera uma posição de “institucionalidade” do parlamentar no comando da Casa e que a presidência da Câmara não pode se transformar em bunker da oposição.
O Congresso Nacional retoma hoje os trabalhos, após o recesso parlamentar. No último dia antes da pausa, em 17 de julho, Cunha anunciou o rompimento formal com o governo.
– A preocupação geral que se tem é que se mantenha a institucionalidade da Casa. O papel do presidente da Casa, independente de não ser vedado a ele ter suas preferências, é um papel de magistrado e portanto de manter o equilíbrio da Casa. Eu acho estranho se a presidência da Câmara dos Deputados se transformar no bunker organizador da oposição – disse Wagner após participar da reunião de coordenação política com Dilma e mais dez ministros.
– Isso é papel das lideranças da oposição. A única expectativa que eu tenho é que essa institucionalidade seja mantida e que haja, por parte do presidente da Casa, a manutenção dessa equidistância. Ele, nas suas articulações pessoais, vai agir de acordo com suas convicções. Com o manto de presidente da Câmara acho que ele não pode permitir que haja uma invasão dessa institucionalidade, mas isso está a cargo da decisão dele – acrescentou.
A relação com o Congresso e as votações de projetos de interesse do governo na retomada dos trabalhos legislativos foram os principais tema da reunião de hoje. O governo está preocupado com a chamada pauta-bomba, com projetos que podem comprometer o ajuste fiscal e criar gastos para o Executivo. Na lista, também está a análise das contas de 2014 do governo Dilma, que chegará ao Congresso após parecer do Tribunal de Contas da União.
Hoje à noite, Dilma vai receber lideranças e presidentes de partidos da base aliada em um jantar no Palácio da Alvorada, em uma estratégia de articulação para as próximas votações.
Perguntado por jornalistas sobre a eventual redução do número de ministérios do governo Dilma, Wagner disse que o assunto não foi discutido na reunião de hoje, mas é um tema que está em debate.
– É uma preocupação constante de qualquer governo e desse governo. Acho que é sempre positivo fazer a racionalização da máquina. Hoje realmente não teve nenhuma discussão objetiva sobre pasta A, B ou C, fusão dessa com aquela. Mas diria que o guarda-chuva da boa gestão e da racionalidade vai estar sempre presidindo, principalmente num momento de dificuldade, então sempre que você puder, sem prejuízo político, fazer redução de custos, acho que é sempre bem-vindo – ponderou.
O governo Dilma Rousseff tem 39 ministérios e 38 ministros, desde que o comando da Secretaria de Relações Institucionais foi transferido para o vice-presidente da República, Michel Temer, em abril.