Lagerfeld dá aula de elegância na Semana de Paris

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Publicado quarta-feira, 22 de janeiro de 2003 as 10:11, por: CdB

O estilista alemão Karl Lagerfeld deu uma aula de chiquê parisiense na terça-feira com sua coleção de alta costura de primavera-verão para a Chanel, na qual exibiu tailleurs bem cortados e chapéus de palha dura apropriados para uma Coco Chanel moderna.

O espírito da falecida estilista francesa que inventou a moda casual nos anos 1920 estava presente por toda parte na passarela, com modelos parecendo sílfides desfilando jaquetas impecavelmente construídas fazendo par com saias na altura dos joelhos.

Os convidados se reuniram no elegante restaurante Pavillon Ledoyen para assistir ao desfile no segundo dia das coleções de alta costura, que também teria as apresentações de Balmain, Christian Lacroix e Givenchy.

Turistas que passeavam pelos Champs Elysees paravam para olhar estarrecidos as modelos desfilando, dentro do prédio de aço e vidro, seus vestidos repletos de paetês brilhando sob o céu branco do inverno.

“Uma mulher precisa de muitos colares de pérolas”, já disse Chanel e Lagerfeld não esqueceu a lição. Pesados colares de falsas pérolas davam voltas sobre tudo, desde casacos de lã até vestidos de chiffon.

Lagerfeld, que este ano completa 20 anos à frente da Chanel, aproveitou ao máximo a habilidade sem igual das dezenas de costureiras que produzem as exclusivas criações feitas sob medida pela alta costura.

Uma jaqueta e saia de tweed azul se esvaía, na bainha e nas costas, em tule transparente polvilhado de contas brilhantes.

Os vestidos de noite traziam paetês em cores pastel formando desenhos geométricos inspirados pelas telas abstratas do pintor russo Alexei von Jawlensky, dos anos 1920.

Um vestido de noite leve como uma pluma era feito de milhares de pétalas flutuantes de chiffon branco pontilhado de coral, enquanto outra criação, esta de tule rosa, sem alças e enfeitada com paetês prateados, era própria para ser usada por uma debutante da alta sociedade.

“Eu tinha esquecido que venho fazendo isto há muitos anos”, disse Lagerfeld a jornalistas nos bastidores, em clima de nostalgia. “Mas nunca tenho a sensação de rotina, nunca.”

A Chanel desempenha um papel-chave em garantir a sobrevivência dos ofícios tradicionais ameaçados pela gradativa redução do número de estúdios de alta costura que operam em Paris.

No ano passado a maison, que pertence à família Wertheimer, comprou a célebre maison de bordadeiras Lesage, além da Massaro, que produz botas, e da Michel, que faz chapéus.