Le Pen é vaiado no Parlamento Europeu

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Publicado Quarta, 24 de Abril de 2002 às 14:40, por: CdB

Depois de enfrentar protestos em seu país, o candidato da extrema-direita à presidência da França, Jean-Marie Le Pen, teve que agüentar a vaia e a zombaria dos próprios colegas ao reassumir, nesta quarta-feira, sua cadeira no Parlamento Europeu, em Bruxelas. O plenário estava com cerca de um terço de sua ocupação para um debate sobre o Oriente Médio. Mas, apesar de poucos, os parlamentares presentes promoveram uma vaia estrondosa quando Le Pen foi chamado para falar à Casa, por dois minutos. Políticos agitaram cartazes com a palavra "Não" para Le Pen quando o líder da Frente Nacional francesa iniciou seu discurso dizendo que qualquer pessoa no mundo se sentia horrorizada com a situação no Oriente Médio. O presidente do Parlamento Europeu, Pat Cox, interrompeu Le Pen para exigir que os membros da Casa ficassem quietos. Se quisessem protestar, acrescentou, que o fizessem em silêncio. Posteriormente, porém, houve mais vaias quando Le Pen descreveu a violência no Oriente Médio como "um desafio a Deus". "Esta explosão de violência no berço de Jesus parece quase pré-apocalíptica", acrescentou. Segundo Le Pen, a França e o restante da Europa vêm negligenciando o conflito no Oriente Médio porque "estão seguindo as ordens dos Estados Unidos e de Javier Solana, o supremo da política externa da União Européia". "Só podemos deplorar isso. Paz!", encerrou Le Pen, dirigindo-se à sua cadeira. As vaias continuaram e Le Pen decidiu, então, abandonar o plenário. Após o incidente no Parlamento Europeu, Le Pen cancelou uma entrevista coletiva, citando como motivo as "provocações" de seus adversários políticos. Na sala reservada para a entrevista, manifestantes seguravam cartazes com os dizeres "Parem os nazistas". Os protestos acompanharam Le Pen desde sua chegada a Bruxelas. O líder da extrema-direita francesa, que obteve um surpreendente segundo lugar no primeiro turno das eleições presidenciais, no último domingo, teve que entrar no prédio do Parlamento Europeu pela garagem, para evitar manifestantes. Na véspera, Le Pen prometeu que, se eleito, convocará um plebiscito sobre a permanência da França na União Européia. Além disso, Le Pen propôs consultas populares semelhantes visando a "interromper e reverter" a imigração, acabar com o direito de filhos franceses de estrangeiros à cidadania francesa e conceder benefícios sociais somente a quem tenha nascido na França.

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