O líder do Partido Trabalhista israelense, Amran Mitzna, renunciou ao cargo neste domingo, apenas seis meses depois de ter sido eleito.
Mitzna – um defensor das negociações de oaz com os palestinos – estava sob intensa pressão do seu próprio partido desde fevereiro, quando os trabalhistas amargaram uma das piores derrotas de sua história nas urnas.
Muitos críticos do líder da oposição israelense atribuíram o resultado das eleições à sua recusa a integrar a coalização de centro-direita do primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon.
Ao anunciar sua renúncia, Mitzna disse ter sido boicotado por rivais do seu próprio partido, que teriam bloqueado as suas políticas por colocarem suas ambições pessoais à frente dos interesses do partido.
Rivalidade interna
– Para o meu grande arrependimento, e apesar da forte maioria com que eu fui eleito, houve pessoas que não respeitaram a vontade dos eleitores e fizeram tudo o que puderam para atacar a minha habilidade de liderar o partido – afirmou o líder da oposição israelense.
Especialistas na política israelense afirmam que Mitzna se referia ao ex-ministro da Defesa Binyamin Ben-Eliezer. Foi a renúncia de Ben-Eliezer do governo de Sharon que fez o primeiro-ministro convocar as eleições realizadas em fevereiro.
Segundo o correspondente da BBC em Jerusalém David Chazan, o ex-ministro é um provável candidato à liderança trabalhista.
Plano de paz
Mitzna, que já havia sido prefeito da cidade de Haifa, construiu sua campanha para primeiro-ministro com base na defesa do diálogo com os palestinos, tentando-se impor como uma alternativa à linha dura de Sharon.
Ele criticava toques de recolher e outras restrições impostas nos territórios palestinos e se dispôs a negociar a paz com os palestinos, mesmo se o interlocutor fosse Yasser Arafat.
No entanto, o Partido Trabalhista não conseguiu nem reunir metade das cadeiras do Likud, partido de Sharon.
Recentemente, Mitzna havia dito que até consideraria aderir ao governo se o primeiro-ministro aceitasse todos os termos do plano de paz que prevê a criação de um Estado Palestino em 2005 – proposto por Estados Unidos, Rússia, União Européia e Nações Unidas.