Líder xiita volta a desafiar Estados Unidos

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Publicado sexta-feira, 16 de abril de 2004 as 10:15, por: CdB

O líder radical xiita iraquiano Moqtada al-Sadr voltou a desafiar os EUA ao se negar nesta sexta-feira a dissolver sua milícia das “Brigadas de al-Mahdi”, exigência dos americanos para levantar o cerco à cidade sagrada xiita de Najaf.

Discursando em Kufa, o líder religioso ainda desafiou Washington a matá-lo, alertando que os iraquianos vão revidar com inimaginável ferocidade se ele for morto. Horas depois em Kufa, testemunhas disseram ter ouvido explosões e visto membros da milícia de Sadr rumando para os arredores da cidade.

O Exército dos EUA disse que a missão de seus soldados é matar ou capturar o líder radical xiita e cercou Najaf, bastião de Sadr e onde ele estaria refugiado, com 2.500 soldados. A milícia xiita controla parte de Najaf após uma série de confrontos com tropas estrangeiras no começo deste mês. O levante se espalhou para outras cidades no sul e no centro do Iraque.

“Se eu for morto ou detido, o povo iraquiano vai saber como respondê-los com a força e severidade cuja extensão ninguém pode imaginar”, disse Sadr em entrevista ao jornal libanês “as-Safir”.

“As ameaças deles de me matar ou me prender são um resultado de suas fraquezas e colapso frente ao que aconteceu e está acontecendo no Iraque”, disse Sadr, acrescentando que não tem medo de morrer.

Em um sermão durante as orações desta sexta-feira, dia sagrado muçulmano, na mesquita de Kufa, a cinco quilômetros a leste de Najaf, Sadr foi enfático e afirmou “aqueles que me pedem para dissolver a milícia, eu lhe digo que não farei isso sob qualquer circunstância”. A mensagem soou como um recado velado para os membros do Conselho de Governo iraquiano, escolhido pelos EUA, que pediram maior flexibilidade dos EUA ao líder com Sadr.

Sadr não fez qualquer menção nesta sexta-feira às negociações em andamento com os EUA, com mediação do Irã, para evitar pôr fim ao impasse e evitar um banho de sangue em Najaf. Mas criticou a ocupação liderada pelos americanos no Iraque.

– A América, que supostamente cruzou oceanos para libertar o Iraque e disseminar a democracia, em vez de liberá-lo, ocupou-o, destruiu sua infra-estrutura e disseminou medo e pânico entre seus cidadãos e curvou cada seguidor da liberdade – disse ele.

Horas após o semão de Sadr, uma série de explosões sacudiu Kufa nesta sexta-feira. Testemunhas disseram ter visto pelo menos quatro veículos repletos de membros armados das Brigadas da al-Mahdi seguindo para os arredores a cidade, onde foram relatos confrontos entre insurgentes e tropas estrangeiras. Outros, armados com rifles e lança-granadas, seguiram à pé. Pouco mais cedo, membros da milícia disseram ter lançado um bem-sucedido ataque contra um comboio americano, que foi revidado com vigor por forças de ocupação. O Exército dos EUA não confirmou o ataque.