Lobista revela esquema corrupto nos governos de Serra e Alckmin

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Publicado Domingo, 05 de Março de 2017 às 13:02, por: CdB

Paulo Preto, citado por Assad, atuava nas obras do Rodoanel durante os governos de Geraldo Alckmin e Serra

 

Por Redação - de Curitiba e São Paulo

 

Acostumado a grandes produções, o empresário Adir Assad, 64, preso em Curitiba há oito meses, está prestes a promover um frenesi maior do que o show da banda inglesa U2, que trouxe ao Brasil em 2011. Atrás das grades desde agosto do ano passado, Assad concordou em falar aos investigadores da Operação Lava Jato, em um acordo de delação premiada.

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Preto e Assad, envolvidos no esquema de corrupção montado nos governos Serra e Alckmin

No pedido feito ao juiz Sergio Moro, coordenador do processo, o promotor de eventos e lobista confesso prometeu detalhes sobre o repasse de cerca de R$ 100 milhões para Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto. Trata-se do ex-diretor da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), entre 2007 e 2010, época em que o hoje senador José Serra (PSDB-SP) era governador do Estado de São Paulo.

Paulo Preto atuava nas obras do Rodoanel durante os governos de Geraldo Alckmin e Serra. Foi citado por empresários, durante as investigações, como coletor de propinas. Segundo Assad, o ex-diretor da Dersa reunia os repasses das empreiteiras responsáveis por obras na estatal do governo paulista.

Contratos fictícios

Assad também é suspeito de fraude milionária, com a emissão de notas frias para lavagem de dinheiro de empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras. Às autoridades, confessou ter usado empresas de fachada para lavar recursos destinados às obras na região metropolitana de São Paulo. Entre elas, o Rodoanel, a Nova Marginal Tietê, e o Complexo Jacu-Pêssego.

Segundo o lobista, nos contratos com Dersa, as empreiteiras subcontratavam suas empresas. O valor das notas frias era transformado em dinheiro vivo. Assim, as companhias podiam indicar quem seriam os beneficiários dos recursos. Entre 2007 e 2012, foi movimentada uma cifra em torno de R$ 1,3 bilhão em contratos fictícios assinados com empreiteiras.

Além da promessa feita aos investigadores, de revelar detalhes do esquema na Dersa, Assad propôs mapear o funcionamento do sistema financeiro paralelo das empreiteiras responsável por abastecer as contas de suas empresas. Em informações vazadas para a mídia conservadora, ele promete adiantar, em detalhes, como funcionava o esquema. Além de esmiuçar o modus operandi das firmas que movimentaram bilhões de reais em bancos. As operações ocorreram no Brasil e no exterior, sem prestar serviços ou manter funcionários ou sede fixa.

As respostas

Para o advogado criminalista Miguel Pereira Neto, contratado por Adir Assad, “não é de conhecimento da defesa técnica a existência da colaboração premiada”. O defensor negou ter sido firmado algum acordo de delação.

O senador José Serra (PSDB-SP) não quis se pronunciar.

Em nota, a Dersa afirmou que, em todos os empreendimentos mencionados, firmou contratos de obras “apenas com os consórcios executores que venceram as respectivas licitações” e não com as empresas de Assad. De acordo com a estatal, foi criado em 2011 um departamento de Auditoria Interna. Teriam implatado, ainda, um Código de Conduta Ética, “aprimorando a análise e a fiscalização dos contratos dos empreendimentos de modo permanente e organizado”.

“A Companhia não compactua com irregularidades. E se mantém pronta para colaborar com as autoridades no avanço das investigações”, diz a nota.

Por meio de sua assessoria, a Andrade Gutierrez, em nome do consórcio SVM, disse que não iria se manifestar.

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