Londres continua busca por sobreviventes e mortos

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Publicado sexta-feira, 8 de julho de 2005 as 18:14, por: CdB

Em desespero, londrinos buscavam na sexta-feira parentes desaparecidos desde os atentados da véspera na cidade, enquanto as equipes de resgate tentavam recuperar corpos. Mais de 50 pessoas morreram nos ataques de quinta-feira, que foram atribuídos à Al Qaeda.

Temores de novos ataques e falsos alarmes mantiveram a tensão entre os usuários do transporte público e no mercado financeiro londrino, enquanto as autoridades de todo o mundo entraram em alerta por causa de ameaças de militantes islâmicos, que prometem atacar outros países que, a exemplo da Grã-Bretanha, mantêm tropas no Iraque.

Ecoando a determinação de líderes mundiais em não ceder às ameaças, a Itália disse que não pretende acelerar a já prevista retirada das suas tropas do Iraque.

Um dia depois das explosões em um ônibus de dois andares e em três trens do metrô, a capital lentamente recuperava seu ritmo normal. Muita gente tirou folga, mas outros preferiram encarar o ainda precário transporte público e ir ao trabalho.

A polícia confirmou 49 mortes no atentado, mas equipes de emergência ainda estão resgatando os corpos em um dos túneis mais profundos do metrô, onde, segundo o chefe de polícia Ian Blair, as cenas são de “horror extraordinário”.

Abalados, parentes de desaparecidos fazem buscas em hospitais e distribuem folhetos pedindo informações.

– Isso está nos matando – disse Kim Beer, procurando seu filho, o cabeleireiro Phil, de 22 anos, que poderia estar em um dos trens atingidos – Ele sempre me beija, me acaricia e diz que me ama toda vez que sai pela porta – foi o que ele fez ontem, e desde então não ouvi mais falar nele.
DESAFIO AOS MILITANTES

Em visita a feridos em um hospital, a rainha Elizabeth 2a. disse, refletindo o clima geral no país, que a Grã-Bretanha não vai se acovardar.

– Aqueles que perpetraram estes brutais atos contra inocentes não vão mudar nosso estilo de vida – disse ela.

Psicólogos dizem que as várias décadas de atentados dos republicanos irlandeses podem ajudar os londrinos a lidarem com o trauma. Outros lembraram a resignação da capital durante a Segunda Guerra Mundial.

– Se Londres pôde sobreviver à Blitz (bombardeios nazistas), pode sobreviver a quatro fatos lamentáveis como estes – disse o chefe de polícia Ian Blair.

Muçulmanos de toda a Grã-Bretanha rezaram pelas vítimas na sexta-feira e condenaram os atentados, mas disseram que agora temem retaliações.

Os ataques – atribuídos pelo governo à rede Al Qaeda – foram os mais brutais na cidade em tempos de paz. Eles prejudicaram a cúpula do Grupo dos Oito (G8, que reúne os sete países mais ricos do mundo e a Rússia) na Escócia.

O primeiro-ministro Tony Blair chegou a abandonar a cúpula na quinta-feira para presidir uma reunião de emergência em Londres. Mas ele prometeu que não permitiria que os atentados interrompessem a cúpula, e anunciou na sexta-feira, já de volta à Escócia, que os líderes mundiais aceitaram duplicar a ajuda à África.

– Oferecemos hoje este contraste à política do terror – disse ele – É a esperança que é a alternativa a este ódio.

O coordenador de Contra-Terrorismo da União Européia, Gijs de Vries, disse a jornalistas em Bruxelas que a ameaça à Europa “continua série e real”, sem se restringir somente a países que mantêm soldados no Iraque.

O prefeito de Londres, Ken Livingstone, disse que a cidade vai se recuperar rapidamente. Ele lembrou que esta foi uma semana de “triunfo e tragédia”, pois na quarta-feira Londres havia sido escolhida para realizar os Jogos Olímpicos de 2012.

Os espetáculos nos teatros do bairro de West End voltaram a ser realizados na sexta-feira, depois de serem suspensos na véspera devido aos ataques.

SEM PRISÕES

Ian Blair disse que mais de 50 pessoas morreram nas explosões e que 700 ficaram feridas, das quais 22 em estado grave.

A bomba que arrancou o teto de um ônib