O pai de Margaret estava no local e ficou horas enterrado sob os escombros. Ele sobreviveu, mas perdeu as duas pernas no incidente.
“No dia 19 de agosto de 2003, por volta de 4 da tarde, meu pai (Gill Loescher) e seu colega Arthur Heldon chegaram ao quartel-general da ONU em Bagdá. Eles iam visitar o chefe da ONU no Iraque, Sérgio Vieira de Mello. Havia seis ou sete pessoas no escritório. Todos apertaram as mãos e se sentaram. Sérgio espalhou os papéis sobre a mesa… e a sala explodiu”, conta ela.
O filme de Margaret mostra a lenta e dolorosa recuperação do pai e o impacto do atentado na vida da família.
Intimidade
Ela conta que inicialmente não sabia por que estava fazendo o filme, mas que sentia que registrar o progresso na saúde do pai ajudava ela própria a se recuperar do trauma. Mas agora a diretora acredita que a mensagem do filme vai além disso.
“O filme é muito íntimo, muito pessoal e difícil de mostrar para os outros, mas é aí que está a sua grande mensagem”, afirma. “Nós nos distanciamos dos atos de terrível violência que vemos na TV ou nos jornais e não conseguimos realmente captar o significado que eles têm na vida dos indivíduos. Eu me incomodo porque nunca ouvimos as histórias dos sobreviventes, só se fala no número de mortos. Eu queria que as pessoas entendessem como é sobreviver.”
A programação do festival também inclui a superprodução Three Kings, sobre a Guerra do Golfo em 1991, estrelada por George Clooney.
“Todos os anos, tentamos mostrar os documentários e filmes sobre direitos humanos mais fortes, filmes de alta qualidade e que lidam com direitos humanos e temas políticos de forma mais complexa do que a média”, diz a diretora do evento, Bruni Burres.
“Three Kings, embora seja um filme mais comercial por causa do elenco, tem uma mensagem muito importante sobre o envolvimento dos Estados Unidos na primeira guerra no Iraque. O filme é questionador e confronta o governo americano.”
Segundo Burres, os organizadores do evento não planejam os temas que serão abordados. Eles se revelam mais tarde, quando os filmes já foram selecionados.
“Esse ano temos vários filmes sobre a América Latina que lidam com economia e globalização, algo que nós não prevíamos quando fizemos a programação.”
Entre as produções latino-americanas estão o filme argentino Una de Dos, o peruano Dias de Santiago e o mexicano Innocent Voices.
O festival, que exibirá 24 dramas e documentários de 19 países diferentes, vai até o dia 25 de março em vários cinemas da capital britânica.