Rocha Loures, o parlamentar que saiu correndo com mala cheia de propina, indica que pretende fazer delação premiada
Por Redação – de Brasília e Curitiba
Considerando-se humilhado pela decisão do presidente de facto, Michel Temer, de substituí-lo no cargo no Ministério da Justiça sem aviso prévio, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) recusou, nesta terça-feira, a oferta de mudança para a pasta da Transparência. O parlamentar, no domingo à noite, tomou conhecimento de sua demissão pela mídia.
Havia uma reunião marcada entre Serrraglio e Temer, no final desta tarde, mas não foi confirmada pelo gabinete do ex-executivo da Justiça. Serraglio foi alvo de uma declaração do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), em gravação entregue por Joesley Batista à Polícia Federal (PF).
Serraglio reassume, agora, o mandato na Câmara dos Deputados. A consequência imediata da decisão é a perda do foro privilegiado de Rodrigo Rocha Loures. Amigo de Temer, o parlamentar que saiu correndo com uma mala cheia de dinheiro, originário de propina do Grupo JBS, responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) ao lado de Temer. Loures é suplente de Serraglio e assumiu o mandato após sua condução ao ministério.
Delação premiada
Com a perda do foro privilegiado, Loures poderá ser preso, a qualquer momento. Embora seja julgado no Supremo, novas denúncias poderão leva-lo à Vara Federal do Paraná, presidida pelo juiz Sérgio Moro. Diante do risco, Loures trocou de advogado. Preferiu nomear, agora, um especialista em delação premiada.
Os novos advogados de Rodrigo Rocha Loures já procuraram investigadores da Operação Lava-Jato. Em encontro na semana passada, um emissário de Loures quis saber quais seriam as chances de uma delação premiada do deputado ser aceita. A abordagem surpreendeu os investigadores.
Esse não era a agenda inicial do encontro. Depois de avaliar com outros colegas, os investigadores responderam que, àquela altura dos acontecimentos, um eventual acordo de colaboração dependeria da disposição do parlamentar denunciar os demais cúmplices.
Prática de crimes
A conversa, segundo informações vazadas à mídia conservadora, será retomada após uma consulta dos agentes da PF ao juío. Uma eventual delação de deputado seria vista de forma positiva pela força-tarefa da Lava-Jato. Uma eventual confissão do cúmplice de Temer no inquérito em andamento, porém, não é considerada fundamental para as investigações em curso no STF.
As delações dos executivos da JBS, que citam Michel Temer, juntamente com as ações controladas e o resgate de parte da propina paga a ambos, segundo as gravações de Batista, reúnem indícios suficientes para a constatação da prática de crimes.
Aos defensores de Loures, porém, os investigadores da Lava-Jato teriam dito que, se ele realmente está interessado num acordo de delação premiada, precisará dizer tudo o que sabe sobre as práticas delituosas. Além de denunciar seus cúmplices na organização criminosa. Temer e Loures são acusados de receber suborno dos donos da JBS. Sem contar a tentativa de obstrução da Justiça.