Lula diz ser a “maior autoridade ética”

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Publicado terça-feira, 21 de junho de 2005 as 20:18, por: CdB

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu nesta terça-feira uma posição dura em relação às recentes denúncias e disse que se considera a maior “autoridade moral e ética” do país para combater a corrupção.

“A luta contra a corrupção tem que ser uma prática cotidiana, tem que ser uma mudança em todas as instituições, tem que ser uma mudança de comportamento e, se é para fazer, ninguém neste país tem mais autoridade moral e ética do que eu para fazer o que precisa ser feito neste país”, afirmou Lula em longo discurso.

Para o presidente, a origem de toda a crise se resume ao funcionário dos Correios flagrado em vídeo recebendo propina. “E vejam que tudo isso que nós estamos vivendo é por conta de um cidadão que diz que pegou 3 mil reais. Um cidadão de terceiro escalão”, disse, comparando este caso com denúncias mais amplas que vieram à tona no passado.

Sem mencionar diretamente de onde partem as acusações, mas dando a entender que seriam provenientes das elites, o presidente Lula afirmou que há “incomodados” com as ações sociais de seu governo, que transferem renda às camadas sociais mais desfavorecidas.

“Estar aqui com vocês, fazendo o que estamos fazendo, faz diferença, sabem por quê? Porque incomoda, incomoda muita gente”, afirmou o presidente, dirigindo-se aos participantes do congresso da União Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária, no município de Luziânia (GO), próximo a Brasília.

“Vocês sabem quanto nós fizemos de transferência de renda nesse pouco tempo que estamos no governo? São 17 bilhões de reais de transferência de renda, dinheiro que sai dos cofres públicos e vai para a mão do povo pobre deste país”, exemplificou, mencionando ainda empréstimos com desconto em folha de pagamento de 15 bilhões de reais.

De acordo com Lula, os “incomodados” que “torciam para que fosse um desastre o governo” agora já temem a sua reeleição.

“Como eu ainda não estou candidato, tenho uma função a cumprir até dia 30 de dezembro, e eu sei que quem é oposição tem mais pressa, é sempre assim. O mandato para quem está no governo é curto, de quatro anos, para quem está na oposição é uma eternidade, e vocês sabem que eu tenho experiência de ser oposição, porque já fui quantas vezes”, afirmou.

Ele defendeu a realização da reforma política, que pretende moralizar o sistema partidário, e emendou: “Vamos ter que fazer o processo eleitoral com a maior tranquilidade possível, no tempo certo”.

Sem citar uma única vez o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), envolvido na suposta corrupção nos Correios e autor das denúncias de compra de votos pelo PT, Lula refutou acusações sem provas, que chamou de “vazias”.

Afirmou que os deputados podem criar “quantas CPIs quiserem”, desde que não interrompam as votações e enumerou as ações de combate à corrupção realizadas por sua gestão.

“Todas as grandes operações que vocês viram na imprensa, da Operação Vampiro, Operação Anaconda, Operação Curupira, foi tudo feito por nós e decisão nossa. E vamos investigar tantas quantas aparecerem. O que não pode é o governo ficar correndo atrás de denúncia vazia”, disse, para completar que “se tem denúncia contra a atuação do Congresso, é um problema do Congresso”.

“Que criem quantas CPIs quiserem criar… mas não podemos permitir que por conta de uma CPI o Congresso não funcione.”

E procurou demonstrar tranquilidade na condução do país. “Este país é muito grande, a democracia está muito sólida para a gente achar que uma CPI pode criar qualquer embaraço.”

Especificamente sobre as denúncias nos Correios, disse que o governo agiu rápido, ainda no dia em que o escândalo foi divulgado.

Mas ponderou: “Com corrupção a gente não brinca. O que a gente não pode é manchar o nome das pessoas, a gente não pode colocar pessoas desnudas na frente da sociedade, depois não prova nada e ninguém pede desculpas. Nós já vimos isso ao longo da história.”

Ele reiterou que as acusações estão sendo investigadas. “Todas a