A declaração final da Cúpula do G8 (grupo das sete nações mais industrializadas do mundo e a Rússia) não menciona o Fundo Mundial contra a Fome, proposto em Evian (Leste da França) pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. Ao ser aberta a cúpula do G8 no domingo, Lula apresentou sua idéia do Fundo e assinalou duas formas para financiá-lo: uma taxa sobre a venda de armas e o serviço da dívida pago pelos países pobres.
Ao lançar a idéia no Fórum de Davos em janeiro passado, Lula havia sugerido que o Fundo fosse constituído pelos países do G8 e financiado pelos grandes investidores mundiais. Na reunião do G8 Lula foi um dos participantes de uma reunião ampliada a onze países em desenvolvimento.
A Cúpula do G8 chegou ao fim em anticlímax após a partida do presidente norte-americano, George w. Bush, que deixou o encontro antecipadamente para viajar ao Oriente Médio em missão de paz. Os líderes dos outros sete países (Alemanha, Japão, França, Grã-Bretanha, Itália, Canadá e Rússia) vão encerrar o encontro anual do G8 com uma nota positiva sobre as perspectivas de recuperação da economia mundial a ser divulgada pelo presidente francês, Jacques Chirac. Eles também vão prometer um vigor renovado na luta contra o terrorismo e contra o alastramento de armas de destruição em massa.
A reunião de três dias em Evian, na França, marca a retomada de um longo processo para curar as feridas abertas pelas divergências em torno da guerra contra o Iraque. Metade do G8 se opôs a ofensiva militar liderada pelos EUA com apoio da Grã-Bretanha. Bush e Chirac trocaram apertos de mão e tiveram um encontro privado cordial, mas ambos mantiveram seus pontos de vista sobre a ordem mundial, e Bush retirou-se da reunião antecipadamente sem a tradicional entrevista à imprensa, o que deixou uma sensação de anticlímax entre os delegados.
Em uma iniciativa que causou surpresa, a França anunciou hoje que, diante da recente queda da cotação do dólar, todos os oito membros do grupo reconheceram a importância da estabilidade da moeda como condição estratégica para o crescimento e vão monitorar de perto os movimentos dos mercados. Esse parece ser o sinal mais forte sobre a cotação de moedas feito em nome do G8 desde que os bancos centrais intervieram em conjunto em setembro de 2000 para dar apoio a um euro fraco.
Mas autoridades disseram que a posição sobre a importância da estabilidade monetária, divulgada para acalmar a volatilidade do mercado após uma queda de 12% do dólar em relação ao euro este ano, não será formalizada por escrito. Segundo participantes, Bush teria dito que não deseja um dólar fraco e não usará a moeda como arma econômica.