Lula não reconhece erro crasso mas agora promete democratizar a mídia

Arquivado em:
Publicado Domingo, 29 de Outubro de 2017 às 14:55, por: CdB

Lula aproveitou para mandar um recado aos donos da mídia conservadora. Não abordou, porém, o fato de que, ao longo de sua gestão e da presidenta Dilma Rousseff, que o sucedeu, repassou mais de R$ 6 bilhões às Organizações Globo.

 

Por Redação - de Montes Claros, MG

 

Na série de encontros com a militância do Partido dos Trabalhadores e demais partidos que integram o esforço contra o golpe de Estado, em curso no país desde Maio do ano passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva modula o discurso para mostrar que está disposto a mudar. A não repetir os mesmos erros que cometeu ao longo de seus dois mandatos à frente do governo federal.

lula-mg-1.jpg
Lula, em sua passagem pelo interior mineiro, prometeu democratizar a mídia

A caravana do ex-presidente passou por Montes Claros, Bocaiúva e fez duas paradas extras Uma Olhos D’Água e outra em Couto de Magalhães. Em breves discursos, para poupar a voz já calejada, explicou que a economia cresce no momento em que os pobres são colocados no mercado de consumo.

Golpe de Estado

Ele acredita que, assim, conquista-se respeito interno e em nível mundial. Tratará, disse ele, de retomar a fórmula que aplicou durante seu período no Palácio do Planalto. Mas, dessa vez, agirá diferente com o aparato da mídia conservadora. A mesma que, ao longo do último século, domina a Opinião Pública brasileira.

O líder petista aproveitou para mandar um recado aos donos dos conglomerados de comunicação. Não abordou, porém, o fato de que, ao longo de sua gestão e da presidenta Dilma Rousseff, que o sucedeu, repassou mais de R$ 10 bilhões às empresas que detém 90% dos veículos de comunicação no país; todas ligadas às forças da direita. As mesmas que lideraram o golpe de Estado que depôs sua sucessora. Os mesmos empresários que, atualmente, bombardeiam sua campanha de volta ao Palácio do Planalto.

— Eu vou fazer a democratização dos meios de comunicação — prometeu.

A Globo nas eleições

Lula tem repetido que está longe de propor uma regulação semelhante à da China, ou de Cuba. Mas considera necessário construir uma legislação moderna e civilizada (a atual é de 1962). Novamente, usa o modelo norte-americano e europeu para desenhar o modelo de democratização do setor.

— O que não dá é para ter uma mídia nas mãos de nove famílias que continuam mandando no noticiário e produzindo mentiras todo santo dia — definiu.

No discurso, disse torcer para que as Organizações Globo definam o candidato que as representará na corrida às urnas, ano que vem, caso haja nas eleições.

— Porque se tiver (candidato), eu vou estampar na testa dele o logotipo da Globo e vou ganhar dele — prometeu.

Memórias

Ele lembrou, ainda, seus primeiros dias de governo.

— Imagine eu, um metalúrgico, dentro do Salão Oval da Casa Branca. Aquele mesmo Salão Oval onde o Clinton namorou a Monica — sorriu.

Lula repetiu a frase que dizia ouvir sempre de sua mãe, que só é respeitado quem se dá o respeito.

— Fui a todas as reuniões do G8. Sabia que ali não tinha nenhum presidente que já enfrentou enchente, que já passou fome ou que já comeu marmita azeda. E era respeitado por cada um deles — lembrou.

Equipe de governo

Dispor de credibilidade é um dos requisitos para se conseguir governar, disse Lula.

— Ganhei com boa votação e fui atrás de conquistar a confiança dos que ainda não confiavam em mim — explicou, sem fazer referência à Carta aos Brasileiros. Trata-se do documento lido, em Nova York (EUA) aos investidores. Nele, garantia que os contratos em curso, mesmo aqueles lesivos aos interesses nacionais, seguiriam adiante, sob sua gestão. O que, de fato, aconteceu. Os bancos e os capitães da indústria, principalmente, beneficiaram-se do acordo. Parte dos ganhos foi aplicado na construção da derrota de seu governo, no Congresso.

No discurso, citou ainda dois outros itens. Disse ser necessário saber “para quem se governa”; e montar uma equipe.

— Montei um time melhor do que o Tite — brincou. Parte de seus ministros, a maioria do PMDB e de partidos menores, está presa; acusada de corrupção. Lula promoveu, em seu governo, a política de coalizão com as forças da direita.

Desigualdade

Disse, ainda, que o Brasil tinha pouca gente com muito dinheiro e muita gente sem nada. Tal fato não se alterou, no entanto, ao longo dos últimos 15 anos. Mesmo antes do golpe, a disparidade na distribuição de renda já havia crescido a níveis anteriores à era de seu antecessor, o então presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC). A ruptura política, porém, foi decisiva para o desmonte de seu ideal de governo.

— Se a gente conseguir fazer com que essa gente que não tem nada tenha um pouquinho de dinheiro, ela não vai comprar dólar ou aplicar no banco. Vai ali no mercado comprar comida. Vai comprar as coisas que precisa e vai fazer a roda gigante da economia andar. Daí vem o sucesso do Bolsa Família, do crédito consignado; da valorização do salário mínimo, do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) — defendeu.

Empregos

O ex-presidente disse, ainda, que escolheu governar para quem precisa.

— Rico não precisa de governo — acrescentou.

Sua gestão, continuou, fez a economia funcionar, crescer e criar empregos.

— Governar é fazer o óbvio — concluiu.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo