O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que pretende estreitar a relação com os meios de comunicação e com os profissionais da imprensa, para que seja criada uma “espécie de relação leal”. “Quando eu digo leal, é a relação que em nenhum momento o governo deve pedir ao jornalista para falar bem dele e em nenhum momento o jornalista deve falar mal porque quer. Se nós todos estivermos em busca da verdade e apenas a verdade nos interessar, todos viveremos num país mais tranqüilo e todos estaremos contribuindo para que a democracia seja definitivamente verdadeira no nosso país”, afirmou Lula.
Durante uma audiência com representantes da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e com os repórteres que fazem a cobertura do Palácio do Planalto, em comemoração ao Dia do Jornalista, Lula disse que, muitas vezes, escuta queixas de que não conversa com a imprensa. “O Presidente da República tem que tomar muito cuidado com cada palavra que fala, porque cada palavra ganha uma dimensão às vezes mais exagerada do que a gente pensa”, justificou.
O presidente defendeu que a imprensa deve se pautar na verdade dos fatos e não nos interesses de jornalistas ou de donos dos meios de comunicação. “O que nós desejamos enquanto brasileiros, não enquanto presidente da República, é que ao abrirmos um jornal e lermos a notícia ela seja a mais pura verdade conseguida por aquele jornalista e não apenas a intenção do profissional ou a intenção do dono do jornal. Isso não é bom para quem lê, não é bom para vocês que escrevem, não é bom para o jornal que vai perdendo a credibilidade”, afirmou.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Luiz Gushiken, aproveitou a audiência para defender que a imprensa deve divulgar, também, as notícias sobre o que tem sido feito de positivo no país. Segundo ele, a imprensa é uma janela para o mundo e deve refletir o que há de positivo nele. “O cidadão precisa ver o lado positivo das coisas. O Brasil está preparado, os leitores, os espectadores, os ouvintes estão ansiosos para saber aquilo que germina em termos de coisas boas. O critério deve ser a agenda positiva. Esse país está cheio de coisas boas, mas é preciso que a janela para o mundo, em que vocês são peças fundamentais, se abra”, disse.
Gushiken afirmou que a imprensa trabalha com o contraditório e que isso, às vezes, pode causar problemas. “A imprensa opera com o raciocínio que é explorar o contraditório, mas muitas vezes isso fomenta a discórdia e a disputa de egos, quando são apenas discussões de idéias”, afirmou.
Durante a reunião, a presidente da Fenaj, Beth Costa, entregou ao presidente Lula um documento pedindo apoio à criação do Conselho Federal e de conselhos estaduais de Jornalismo, que seriam responsáveis pela regulamentação da profissão e pela fiscalização de seu exercício e ensino. Lula disse ser simpático à criação dos conselhos. “Eu acho que o que vocês estão reivindicando é possível de ser feito. Eu acho simpática a idéia de criar um conselho. É preciso fiscalizar melhor a formação dos nossos jovens, porque o jornalista trabalha com uma coisa muito poderosa que é a caneta e o espaço no jornal”, disse Lula.
A proposta de criação do Conselho Federal e de conselhos estaduais de Jornalismo está sendo analisada por uma comissão do ministério do Trabalho e Emprego. “Eu acredito que nós chegaremos a um entendimento, e o mais rápido possível teremos uma resposta”, afirmou o ministro Ricardo Berzoine, que participou do encontro.
Lula quer “relação leal” com a imprensa
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Publicado quarta-feira, 7 de abril de 2004 as 18:37, por: CdB