Lula reafirma candidatura em artigo publicado no Le Monde

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Publicado Quinta, 17 de Maio de 2018 às 11:52, por: CdB

“Sou candidato a presidente do Brasil, nas eleições de outubro; porque não cometi nenhum crime. E porque sei que posso fazer o país retomar o caminho da democracia e do desenvolvimento". A declaração é do ex-presidente Lula, em artigo no diário francês Le Monde.

 

Por Redação - de São Paulo

 

Em artigo publicado, na edição desta quinta-feira do diário francês Le Monde, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirma sua candidatura. Embora preso na sede da Polícia Federal paranaense, o líder petista lembra das conquistas do povo brasileiro, ao longo de seus dois mandatos.

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Lula escreveu, em artigo, que manterá sua candidatura

“Sou candidato a presidente do Brasil, nas eleições de outubro, porque não cometi nenhum crime e porque sei que posso fazer o país retomar o caminho da democracia e do desenvolvimento; em benefício do nosso povo.

Leia, adiante, os principais trechos do artigo:

“Depois de tudo que fiz como presidente da República, tenho certeza de que posso resgatar a credibilidade do governo, sem a qual não há crescimento econômico nem a defesa dos interesses nacionais. Sou candidato para devolver aos pobres e excluídos sua dignidade, a garantia de seus direitos e a esperança de uma vida melhor.

Aprovação

“Na minha vida nada foi fácil, mas aprendi a não desistir. Quando comecei a fazer política, mais de 40 anos atrás, não havia eleições no País, não havia direito de organização sindical e política. Enfrentamos a ditadura e criamos o Partido dos Trabalhadores, acreditando no aprofundamento da via democrática. Perdi três eleições presidenciais antes de ser eleito em 2002.

“E provei, junto com o povo, que alguém de origem popular podia ser um bom presidente. Terminei meus mandatos com 87% de aprovação popular. É o que o atual presidente do Brasil, que não foi eleito, tem de rejeição hoje.

“Nos oito anos que governei o Brasil, até 2010, tivemos a maior inclusão social da história, que teve continuidade no governo da companheira Dilma Rousseff. Tiramos 36 milhões de pessoas da miséria extrema e levamos mais de 40 milhões para a classe média.

Emprego

“Foi período de maior prestígio internacional do nosso país", afirma Lula, no artigo. "Em 2009, Le Monde me indicou 'homem do ano'. Recebi estas e outras homenagens; não como mérito pessoal, mas como reconhecimento à sociedade brasileira, que tinha se unido para a partir da inclusão social promover o crescimento econômico.

“Sete anos depois de deixar a presidência; e depois de uma campanha sistemática de difamação contra mim e meu partido, que reuniu a mais poderosa imprensa brasileira e setores do judiciário; o momento do país é outro. Vivemos retrocessos democráticos; uma prolongada crise econômica, e a população mais pobre sofre, com a redução dos salários e da oferta de empregos; o aumento do custo de vida e o desmonte de programas sociais.

“A cada dia mais e mais brasileiros rejeitam a agenda contra os direitos sociais do golpe parlamentar; que abriu caminho para um programa neoliberal que havia perdido quatro eleições seguidas; e que é incapaz de vencer nas urnas. Lidero, por ampla margem, as pesquisas de intenções de voto no Brasil porque os brasileiros sabem que o país pode ser melhor.

Sem provas

“Lidero as pesquisas mesmo depois de ter sido preso em consequência de uma perseguição judicial que vasculhou a minha casa e dos meus filhos; minhas contas pessoais e do Instituto Lula, e não achou nenhuma prova ou crime contra mim. Um juiz notoriamente parcial me condenou a 12 anos de prisão por 'atos indeterminados'.

“Alega, falsamente, que eu seria  dono de um apartamento no qual nunca dormi; do qual nunca tive a propriedade, a posse; sequer as chaves. Para me prender, e tentar me impedir de disputar as eleições ou fazer campanha para o meu partido; tiveram que ignorar a letra expressa da constituição brasileira; em uma decisão provisória por apenas um voto de diferença entre 11 na Suprema Corte.

“Mas meus problemas são pequenos perto do que sofre a população brasileira. Para tirarem o PT do poder após as eleições de 2014; não hesitaram em sabotar a economia com decisões irresponsáveis no Congresso Nacional. E uma campanha de desmoralização do governo na imprensa. Em dezembro de 2014; o desemprego no Brasil era 4,7%. Hoje está em 13,1%.

Soberania

“A pobreza tem aumentado; a fome voltou a rondar os lares e as portas das universidades estão voltando a se fechar para os filhos da classe trabalhadora. Os investimentos em pesquisa desabaram.


“O Brasil precisa reconquistar a sua soberania e os interesses nacionais. Em nosso governo, o País liderou os esforços da agenda ambiental e de combate à fome, foi convidado para todos os encontros do G-8, ajudou a articular o G-20, participou da criação dos BRICS, reunindo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e da Unasul, a União dos países da América do Sul.

“Hoje o Brasil tornou-se um pária em política externa, que os líderes internacionais evitam visitar, e a América do Sul se fragmenta, com crises regionais cada vez mais graves e menos instrumentos diplomáticos de diálogo entre os países. (…)

Desastre

“Governei uma das maiores economias do mundo. E não aceitei pressões para apoiar a Guerra do Iraque e outras ações militares. Deixei claro que minha guerra era contra a fome e a miséria. Não submeti meu país aos interesses estrangeiros em nossas riquezas naturais.

“Voltei depois do governo para o mesmo apartamento do qual saí; a menos de 1 quilômetro do Sindicato dos Metalúrgicos do da cidade de São Bernardo do Campo, onde iniciei minha vida política. Tenho honra e não irei, jamais; fazer concessões na minha luta por inocência e pela manutenção dos meus direitos políticos. (…)

“Eu já fui presidente e não estava nos meus planos voltar a me candidatar. Mas diante do desastre que se abate sobre  povo brasileiro, minha candidatura é uma proposta de reencontro do Brasil com o caminho de inclusão social; diálogo democrático, soberania nacional e crescimento econômico, para a construção de um país mais justo e solidário; que volte a ser uma referência no diálogo mundial em favor da paz e da cooperação entre os povos”, conclui o ex-presidente Lula.

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