Lula reage à condenação e se lança à candidatura plena no ano que vem

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Publicado Quinta, 13 de Julho de 2017 às 14:02, por: CdB

Líder petista recorre da sentença do juiz Sérgio Moro e reafirma que voltará às urnas em 2018. Lula não poupou críticas à mídia conservadora.

 

Por Redação - de Brasília, Curitiba e São Paulo

 

Longe de se deixar abater pela condenação a nove anos e meio de prisão, determinada na sentença do juiz Sérgio Moro, na primeira instância, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva repetiu nesta quinta-feira, a aliados e ao público, em entrevistas coletivas, que seguirá com os planos de ser candidato nas eleições de 2018, caso elas ocorram.

— Não vou esmorecer — afirmou.

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Lula, na sede do PT, em São Paulo, ratificou sua intenção de ser candidato no ano que vem. Se houver eleições

No PT, sob a presidência da senadora Gleisi Hoffmann (PR), a avaliação dos dirigentes, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, é de que o juiz Moro calculou mal o momento para condenar o líder petista. Sua sentença, sem que o ex-presidente tenha sido preso, reforça a sua inocência. Para a direção petista, ou Lula assegura seus direitos, nas urnas, ou será um preso político.

Mentiras disseminadas

Em um discurso forte, pontuado de ironias contra a imprensa, o juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato, Lula reafirmou que aqueles que acreditam que a condenação que recebeu na véspera foi seu fim vão "quebrar a cara".

Em uma apertada e concorrida sala na sede do Diretório Nacional do PT, no Centro de São Paulo, Lula acusou a mídia conservadora, em especial as Organizações Globo, Moro e os procuradores da Lava Jato de disseminarem mentiras sobre ele para condená-lo no caso envolvendo o tríplex no Guarujá.

— Se alguém pensa que com essa sentença me tiraram do jogo, podem saber que eu estou no jogo. A partir de agora, eu vou reivindicar do PT o direito de postular a candidatura à Presidência da República — disse Lula. O ex-presidente recebeu os aplausos tanto dos militantes petistas que estavam dentro da sala quanto de outra ceneina que acompanha o pronunciamento na rua; do lado de fora da sede petista.

Candidato viável

Após o anúncio, dentro e fora da sala petistas gritaram "Brasil Urgente, Lula presidente!”. As pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial do ano que vem apontam Lula na liderança da preferência do eleitorado. E ele é visto como único candidato viável do PT ao Palácio do Planalto.

Dirigindo-se à presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), Lula disse em tom de ironia, que ela terá o problema de ter um candidato com problemas jurídicos, ao mesmo tempo que afirmou que seus advogados recorrerão da decisão de Moro.

— Quem acha que é o fim do Lula vai quebrar a cara, porque somente na política quem tem o direito de decretar o meu fim é o povo brasileiro — disse Lula.

Condenação pronta

Caso a sentença, de condenação a 9 anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro - sem detenção imediata - seja confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Lula estará impedido de ser candidato na eleição do ano que vem.

Na primeira sentença dos cinco processos em que Lula é réu - três só na Lava Jato -, Moro também determinou que o ex-presidente fique impedido de exercer cargos públicos por 19 anos. Esse dispositivo, no entanto, fica suspenso a partir do momento que os advogados de Lula recorrerem da sentença.

— O que aconteceu ontem eu já previa em 16 de outubro do ano passado. Eu acreditava que esse processo ia terminar do jeito que terminou. Eles já estavam com a concepção da condenação pronta — disse Lula sobre a condenação.

Sem provas

O ex-presidente declarou-se indignado. Ele disse que não fazia críticas ao Ministério Público (MPF) ou à Polícia Federal (PF). Mas, sim, aos agentes desses órgãos que atuam na Lava Jato.

Ele negou, novamente, ser dono do tríplex. Disse que, na visão de advogados, a sentença de Moro é uma lição de "como não fazer uma peça condenatória". Afirmou ainda que a única prova existente no processo é a de sua inocência.

— O que me deixa indignado, mas sem perder a ternura, é perceber que você está sendo vítima de um grupo de pessoas que contaram a primeira mentira. E que vão passar a vida inteira para justificar a primeira mentira que contaram que o Lula era dono de um tríplex — disse o ex-presidente.

Jornal Nacional

Ao fazer uma série de agradecimentos, Lula aplaudiu a presença da imprensa, "especialmente do Jornal Nacional”. A citação às Organizações Globo levantou risos dos petistas presentes, ao referir-se ao principal telejornal da emissora.

Em outro ponto do discurso, acusou a concessionária de ser a principal responsável pela disseminação do ódio no Brasil. E disse que os produtores do telejornal serão cobrados no futuro, por seus filhos, por conta das "mentiras" que contam.

Líderes petistas pretendiam discutir, ainda nesta quinta-feira, um calendário de mobilizações e protestos em defesa de Lula. Segundo o ex-ministro Gilberto Carvalho, é preciso esclarecer à população sobre o que afirmou serem injustiças sofridas por Lula.

O advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, também presente no pronunciamento. Ele disse que a defesa recorrerá a todas as instâncias cabíveis contra a decisão de Moro. E acrescentou que, no momento, não existem impeditivos jurídicos à candidatura, no ano que vem.

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