Luta permanente pelo desenvolvimento democrático

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Publicado Quinta, 21 de Março de 2019 às 07:14, por: CdB

"Todas as sugestões serão benvindas, nunca a ingerência", como referiu Wang Yi, Ministro das Relações Externas da China ao apresentar plano para solucionar políticamente os conflitos. Na tradição do pensamento milenar oriental, esta afirmação deve ser adotada como um ditado popular e filosófico.

Por Zillah Branco - de Lisboa O cidadão que enfrenta a vida de pobre e sobrevive com ânimo para buscar novos conhecimentos que sirvam como alavanca para progredir e transmitir aos seus filhos e companheiros de luta, compreende e enriquece a sabedoria milenar. Precisa é ser respeitado pelo coletivo que empreende as ações de organização e desenvolvimento nacional, tendo por base a das forças produtivas - materiais e humanas.
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A repulsa do imperialismo aos revolucionários
A tarefa solidária desempenhada por quem teve o privilégio de estudar e aprender a organizar um plano de luta gradual que atraia todo o povo trabalhador e a juventude em formação para reconstruir o Estado democrático, é reunir todas as sugestões que não abram caminho às ingerências inimigas.

O egoísmo é uma doença anti-social 

Vivemos um momento caótico de egoismo desesperado de uma elite política selvagem e cruel, que não tem saída para o caminho truculento e criminoso que pretende manter o poder sobre a humanidade. Não satisfeita com o monopólio sobre as riquezas naturais utilizadas para o seu conforto, destrói as conquistas dos trabalhadores e populações pobres de todo o mundo que criaram as condições mínimas de sobrevivência baseadas em leis e conhecimentos fundamentais para manterem a evolução da civilização no planeta. Diante do poder ocupado por vândalos desequilibrados como Trump, Bolsonaro e tantos outros que a eles se submetem entregando as riquezas nacionais e os conhecimentos técnicos e científicos expoliados aos povos, é urgente a criação de um plano de ação para salvar a civilização com as suas características nacionais e históricas que traduzem os valores mentais, éticos e patrimoniais da humanidade no seu conjunto. Basta de mentiras e fórmulas especiais de "democracia privada" oferecida como solução pré-eleitoral para evitar que os pobres morram e desapareça o necessário mercado interno de consumo de bens essenciais. O ser humano não é rico nem pobre, é um ser capaz de sobreviver, criar soluções para o desenvolvimento, defender os direitos de cidadania, valorizar o meio ambiente, aplicar a inteligência natural no progresso da civilização.

Inteligência artificial para escravização cultural

Através da internet está sendo criada uma "inteligência artificial" que é recolhida e processada por robôs sob a condução da elite dirigente do imperialismo. Ou seja, através do conhecimento das pessoas que utilizam whatzap, face book ou instagram, os "donos do mundo" constroem um pensamento com as características dos grupos que se intercomunicam, o qual vai aparecer como uma "conclusão" ou "modelo inteligente" a ser seguido. Criam, portanto uma "fórmula" para bitolar o pensamento humano excluindo a sua dinâmica natural que é evolutiva. A partir desse modelo, revelado por pessoas e grupos com determinadas características históricas, sociais e políticas, os donos dos robôs vão vender às empresas que criam produtos atrativos para os grupos ou classes definidos. Isto significa que a inteligência de cada um fica amarrada, sem vontade própria, à resposta oferecida pelo produto oferecido comercialmente ou políticamente. Assim agiram os promotores das campanhas eleitorais para convencerem os eleitores de Trump, de Bolsonaro, dos apoiantes de Guaidó. Transformaram os eleitores em uma "manada" irracional conduzida por um "inteligente criminoso". Além, dessa mesma elite imperialista, roubar as propriedades nacionais que são a base do trabalho produtivo - as terras, as ferramentas, as máquinas, o conhecimento profissional, etc. - dos povos, agora destroem o sistema judicial de defesa dos cidadãos e impõem limites ao tratamento da saúde, à formação escolar, à previdência social, às descobertas tecnológicas e científicas que existem em cada nação e passam a controlar a inteligência das pessoas como se fossem débeis mentais para que cumpram dentro de normas aparentemente "democráticas" um falso papel de "liberdade de escolha" dos governantes que vão impor um regime adequado aos objetivos do imperialismo expoliador. O imperialismo, através de magnatas (como Soros e outros) e grandes empresas que dão prêmios estimulantes aos jovens que se dedicam à humanidade - na defesa da natureza, no amor aos cães domésticos, na informação social, na divulgação dos problesmas graves em que os pobres tropeçam - desde que façam a apologia do indivíduo como vítima e não da classe trabalhadora e expoliada que representa. Preconiza a superação das ideologias, de esquerda e direita, promovendo a dúbia social-democracia que se equilibra sobre o muro com o olhar enevoado por falsas informações para não distinguir o óbvio: rico no poder e pobre na miséria = direita e esquerda. Assistimos desalentados ou desesperados à uma crise completa de valores que nega, em primeiro lugar a inteligência das elites mais poderosas que inventaram uma "democracia" privada a ser distribuida de acordo com o gráu de submissão que os grupos ou classes humanas revelam. É sabido, para quem estuda a história dos povos, que a escravidão destrói com violência e crueldade a capacidade de defesa do ser humano. Como recurso de sobrevivência ele foge ou passa a defender os seus "donos" tornando-se corrupto e oportunista. Mas a Antiguidade revelou casos de confronto na defesa da dignidade humana de quem foi dominado pela força e as armas por uma elite. As elites, assim confrontadas, são vencidas e têm de fugir ou submeter-se aos lutadores. Essas foram as sementes revolucionárias que a história acumulou para definir as condições necessárias para que os trabalhadores oprimidos não sucumbam diante do uso da força e do poder econômico contra as populaçôes mantidas na miséria, sem assistência médica e acesso à formação profissional. A condição inicial é o sentimento de solidariedade e respeito humano, sem preconceitos divisionistas, seguido da capacidade de organização e ação coletiva em defesa de direitos sociais e econômicos que criam condições para atingirem uma representação política - sindical, partidária, intelectual, parlamentar até chegar ao governo e à administração do Estado. O socialismo define o regime que deriva deste percurso da classe trabalhadora contra o domínio de uma elite que utiliza o sistema capitalista para impor a sua força derivada do acúmulo do capital privado e do controle das forças armadas e do mercado nacional e internacional. Até o recente movimento de adolescentes que se levanta no mundo (com apoio controverso, como é moda hoje na ação social-democrata) a partir da projeção da jovem suéca Greta Thumberg, reconhece que é preciso mudar os parâmetros da vida política e também "o sistema" que os condiciona. Com a inteligência natural, o espírito de solidariedade, a força de vontade, a saúde e o conhecimento da história de vida, a humanidade afirma a sua condição revolucionária e supera a manipulação dos retrógrados imperialistas. Organizam-se os que lutam pela Paz e expulsam a elite opressora que ocupa o poder.

A repulsa do imperialismo aos revolucionários

A elite do sistema atribuiu à jovem Greta Thunberg um "sindroma de autismo" para explicar a excepcionalidade da sua análise objetiva, lúcida e revolucionária do sistema capitalista falido. Não querem aceitar que a lógica de uma humanidade sadia leva ao conhecimento da ciência da vida que permite a todos sobreviverem e desenvolverem as suas capacidades mentais e físicas em benefício de todos os que não pretendem usar o poder ccom o egoísmo expoliador. Com firmeza e paciência, sem perder a coerência do objetivo revolucionário, este caos criado pelas crises cíclicas do sistema capitalista será superado por um sistema democrático e responsável pela defesa da natureza e da humanidade no planeta. Na América Latina a velha batalha dos povos contra a dominação colonial que se foi transformando em imperialista, tem dado provas do esforço dos seus povos na criação de nações independentes. Cuba fez a sua revolução com o apoio histórico da União Soviética, descobriu o seu próprio caminho de desenvolvimento socialista e suportou seis décadas de embargos impostos pelos Estados Unidos na liderança do império capitalista globalizado. A presença desta semente revolucionária demonstrou o caminho para a libertação de um povo capaz de organizar a sua luta, a sua sobrevivência e desenvolver as suas capacidades. Inspirou outros povos a lutarem contra a opressão. O Chile de Allende, na década de setenta, deu um paço gigantesco que trouxe a esperança ao mundo do capitalismo globalizado. Foi cruelmente destroçado depois de três anos de luta em que abriu caminhos inovadores de fusão popular de populações nativas e imigradas da Europa que se irmanaram como chilenos revolucionários. Ficou o exemplo da firmeza de Allende e milhares de líderes revolucionários assassinados por não abandonarem a dignidade e a defesa revolucionária da sua nação. Outras experiências se sucederam na América Central - Nicarágua, São Salvador - que sofreram a pressão imperial dos Estados Unidos. No entanto, na Ásia o exercito imperialista foi vencido no Vietnam de onde foi expulso pelo povo liderado por Ho Chi Minh que deixou importantes ensinamentos sobre a organização da resistência popular que foram divulgados pelo mundo em luta. Na Africa do Sul o férreo combate ao "appartheid" racista superou a força dos antigos dominadores que impunham a "superioridade racial dos brancos" e elegeu o herói Mandela como o primeiro Presidente negro no país. Apesar dos vários governos de orientação neo-capitalista que o imperialismo apoiou na América Latina e das ditaduras militares que foram impostas para vencer a resistência popular, o século XXI assistiu à redemocratização de vários países latino-americanos que se expandiram através de organismos de convívio político e trocas comerciais: ALBA substituiu a OEA unindo o continente com exceção dos Estados Unidos e Canadá que representavam o império ameaçador. A Venezuela, liderada pelo presidente Chaves e apoiada por Cuba foi a grande força revolucionária de apoio aos governos democráticos eleitos no Brasil, Argentina, Bolívia, Uruguai, Paraguai, Chile, Nicarágua. Cada nação seguiu as suas condições históricas e os caminhos adotados por seus líderes. Os Estados Unidos também sofrem a ebulição interna de sua população que acordou sobretudo na derrota militar no Vietnam e que, explorada nas várias crises financeiras do sistema, entendeu a necessidade de mudança para alcançar a verdadeira democracia e a identidade com os demais povos em luta pela independência. Dentro do espaço nacional mantém a contradição entre o poder imperialista e o governo nacional que reflete os anseios populares. O poder supra-nacional escolheu Trump como fantoche para ocupar o Governo e comandar os ataques externos. Assiste às manifestações internas de solidariedade com a Venezuela, com os imigrantes que chegam de outros continentes vitimados pela ação imperial, com o Brasil onde a submissão do traidor Temer e agora do fantoche Bolsonaro destroem o património e o desenvolvimento alcançados pelos governos de Lula, com as lutas mundias contra o machismo, o racismo, os direitos de opção sexual e a liberdade de pensamento. O momento é de resistência e de solidariedade internacionalista. O apoio é trazido pela China socialista que em aliança com a Russia e outros países que compõem uma força geopolítica antagônica à do bloco capitalista dirigido pelo imperialismo. Em causa está a sobrevivência do planeta - natureza e humanidade - ameaçada pelo aquecimento global , as armas atômicas e a tecnologia aplicada pela "inteligência artificial" na deformação da cultura divulgada pelos meios de comunicação social. A campanha por Lula Livre unifica a esquerda brasileira em torno do programa em benefício do povo e não da política financeira que apenas enriquece uma elite traidora e desumana. Ela repercute em todos os países que sofrem a destruição imposta pelo imperialismo catastrófico e ensina as novas gerações a defenderem o seu futuro que é o dos povos livres.
Zillah Branco, é Cientista Social, consultora do Cebrapaz. Tem experiência de vida e trabalho no Chile, Portugal e Cabo Verde.

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

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