As estrelas de nêutrons - um dos últimos estágios de sua vida - envolvidas no fenômeno tinham massas de 10% a 60% maiores do que a do Sol.
Por Redação, com Ansa - de Virgo, Itália
Uma série de descobertas anunciadas nesta segunda-feira promete mudar os rumos da astronomia. Os observatórios Ligo, nos Estados Unidos, e Virgo, na Itália, além de 70 telescópios espalhados pela Terra e pelo espaço, detectaram sinais gerados pela colisão entre duas estrelas de nêutrons, um dos corpos mais densos do Universo.
É a primeira vez na história que tal fenômeno, ocorrido a 130 milhões de anos-luz da Terra, é observado. A fusão foi captada em 17 de agosto, quando os detectores do Ligo e do Virgo registraram 1m40s de ondas gravitacionais, deformações no espaço-tempo previstas pela Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, e provocadas por eventos cósmicos violentos - no caso, a colisão entre as duas estrelas de nêutrons.
Estrelas de nêutrons
Dois segundos depois, o telescópio Fermi, da Nasa, e o satélite Integral, da Agência Espacial Europeia (ESA), detectaram "flashs" de luz na forma de raios gama. No dia seguinte, dezenas de telescópios tradicionais voltados para a galáxia de Hidra, a pedido do Ligo e do Virgo, observaram raios-x, infravermelhos e sinais de rádio emitidos pela colisão.
As estrelas de nêutrons - um dos últimos estágios de sua vida - envolvidas no fenômeno tinham massas de 10% a 60% maiores do que a do Sol. Eram, porém, do tamanho de uma cidade média. Os cerca de 1,2 mil cientistas e 70 observatórios participaram da pesquisa. Eles descobriram que esses astros funcionam como uma "fábrica" de elementos pesados. Eles deram origem a elementos como chumbo, ouro e platina, por todo o Universo.
Além disso, eles confirmaram que as ondas gravitacionais viajam na velocidade da luz. É algo que já havia sido previsto por Einstein, mais de 100 anos atrás.
— É um dia histórico. Marca o início de uma nova era —, comemorou o presidente da Agência Espacial Italiana (ASI), Roberto Battiston.
Segundo ele, as descobertas divulgadas nesta segunda inauguram o nascimento da "astronomia multimensageiro”. Ou seja, que se aproveita dos vários tipos de radiação que chegam à Terra; a partir dos pontos mais remotos do Universo.