Maduro questiona que em regiões onde tradicionalmente o chavismo (linha política dos seguidores do ex-presidente Hugo Chávez) era vencedor
Por Redação, com ABr – de Caracas:
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que houve fraude nas eleições parlamentares de 6 de dezembro, em que a oposição obteve, pela primeira vez em 16 anos, uma maioria que lhe permite controlar a Assembleia Nacional.
A oposição reagiu e pediu que sejam auditados os boletins de voto das eleições presidenciais de 2013, em que Nicolás Maduro foi eleito com uma diferença de apenas 1,49% dos votos (223.599) em relação ao seu principal rival, Henrique Capriles.
– Nas investigações abertas há elementos de prova que começam a surgir, de como grupos se moveram para controlar parte do sistema eleitoral, violar os seus mecanismos de segurança e pagar votos, é um fenômeno que ressurgiu – afirmou Nicolás Maduro, no Panteão Nacional em Caracas, durante as comemorações dos 185 anos da morte de Simón Bolívar, o político e militar venezuelano responsável pela independência da Bolívia, Colômbia, do Equador, Panamá, Peru e da Venezuela do império espanhol.
– Procuraram que a nossa pátria se confunda outra vez e têm poderosos aliados. Ninguém pode subestimar o êxito eleitoral (da oposição), resultado de todo um conjunto de circunstâncias de caráter econômico, sociopolítico, psicológico, outras de caráter político, de debilidades de governo, de liderança e outras causas ou circunstâncias complementares, como o surgimento da antipolítica da fraude, da armadilha, da corrupção político-eleitoral – acrescentou.
O governo venezuelano questiona que em regiões onde tradicionalmente o chavismo (linha política dos seguidores do ex-presidente Hugo Chávez) era vencedor, os candidatos chavistas tenham perdido por menos de uma centena de votos e tenha havido mais de mil votos nulos.
O ex-candidato presidencial Henrique Capriles reagiu às denúncias e desafiou o Executivo a começar por fazer uma auditoria nos votos das eleições presidenciais de 2013.
– Agora dizem que querem pedir uma auditoria dos votos de 6 de dezembro. Que bom, vamos, mas vamos auditar os votos teus, Nicolás (Maduro), e os meus de 2013. Se querem revistar os cadernos, vamos, comecemos, eu quero ver esses cadernos – disse Capriles aos jornalistas, lembrando que questionou o resultado das eleições presidenciais de 2013.
Para Capriles, “é uma incoerência falar de golpe com votos, o que houve foi um mandado claro, foram mais de 2 milhões de votos de diferença entre a proposta de câmbio e o modelo fracassado do partido do governo”.
Por outro lado, ele apelou a Maduro para que deixe o discurso de confrontação, destacando que “o país necessita de diálogo e de acordo entre todos os venezuelanos” para solucionar problemas como a inflação e a escassez” de produtos básicos.
Golpe eleitoral
Maduro, disse na última quarta-feira que não permitirá que a direita consolide um “golpe eleitoral”, apesar de a oposição ter obtido maioria nas recentes eleições parlamentares, o que lhe dá o controle da Assembleia Nacional.
– Não pensem que isso vai ficar assim. Nós vamos mudar essa situação e não vamos permitir que a direita consolide o seu golpe eleitoral, não vamos permitir – garantiu Nicolás Maduro.
Ele falou durante encontro com trabalhadores da empresa telefônica estatal Cantv, que se concentraram em frente ao palácio presidencial de Miraflores para condenar a intenção da oposição de privatizar a empresa.
Segundo Maduro, o governo venezuelano está preparando “o que vão ser as batalhas para o próximo ano, por meio de um plano integral”, para contrariar as intenções dos opositores que “jogaram sujo e que estão jogando sujo contra o povo”.
– Voltamos às ruas para batalhar por esta pátria e das ruas ninguém nos tirará ≠ acrescentou.
O presidente advertiu que a direita venezuelana, submetida aos interesses imperiais, com a maioria parlamentar, pretende retomar o neoliberalismo no país, que no passado causou miséria e altos níveis de exclusão social.
– As chaves são a retificação profunda, revolucionária e construtiva, a rebelião de massas perante as ameaças da oligarquia e o renascimento do bolivarianismo, do chavismo, do patriotismo deste povo, desta história – destacou.
A aliança opositora Mesa de Unidade Democrática obteve, nas eleições de 6 de dezembro, a primeira vitória em 16 anos, conseguindo 112 dos 167 lugares que compõem o Parlamento, uma maioria de dois terços que lhe confere amplos poderes e marca uma virada histórica contra o chavismo.
Segundo o presidente Nicolás Maduro, estão sendo investigados mais de 1,5 milhão de votos nulos registrados durante as eleições parlamentares. Ele disse que em alguns setores, onde tradicionalmente o chavismo era vencedor, os candidatos chavistas perderam por menos de uma centena de votos e foram registrados mais de mil votos nulos.