Magistrados e procuradores apontam ‘flagrante risco institucional’ no país

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Publicado Segunda, 01 de Junho de 2020 às 14:10, por: CdB

A nota cita “episódios ocorridos nas últimas semanas”, sem detalhar quais, e afirma que não contribuem no combate às crises sanitária e econômica provocadas pela pandemia de covid-19.

Por Redação - de Brasília

As instituições que representam a magistratura e o Ministério Público do país manifestaram nesta segunda-feira, em nota, a preocupação com o cenário político do país e apontaram para o “flagrante risco institucional” no Brasil, ao mesmo tempo que pediram equilíbrio e sensatez para garantir a harmonia entre os Poderes.

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Bolsonaro vai a manifestação em frente ao Palácio do Planalto, em franco desrespeito às normas de distanciamento social durante a pandemia

A nota cita “episódios ocorridos nas últimas semanas”, sem detalhar quais, e afirma que não contribuem no combate às crises sanitária e econômica provocadas pela pandemia de covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronavírus que já infectou mais de 500 mil pessoa e matou quase 30 mil no Brasil.

“Nenhum ataque às instituições e a quem as represente será útil ao enfrentamento dos reais problemas da sociedade brasileira”, afirma o documento, que faz uma defesa do Estado democrático de Direito e o respeito à Constituição e a seus princípios.

Magistrados

“Todo ato que atente contra o livre exercício dos Poderes e do Ministério Público, em qualquer das esferas federativas, se não evitado, será objeto, portanto, de imediata e efetiva reação institucional.”

Assinam a nota Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Associação dos Magistrados do Distrito Federal e Territórios (Amagis/DF), Associação Nacional do Ministério Público Militar (ANMPM) e Associação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (AMPDFT).

O documento foi divulgado após o presidente Jair Bolsonaro participar mais uma vez, no domingo, de protesto em que apoiadores defendiam pauta antidemocráticas. O texto se somou a um manifesto em defesa da democracia assinado por mais de 1,6 mil personalidades brasileiras de diferentes setores, incluindo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), o apresentador de TV Luciano Huck e a atriz Fernanda Montenegro.

Supremo

Bolsonaro tem participado por vários fins de semana seguidos de manifestações favoráveis ao governo e que defendem pautas como o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) e uma intervenção militar no país. Os protestos e a participação do presidente nos atos geram aglomerações e contrariam as recomendações sanitárias para frear o avanço do coronavírus.

Na semana passada, Bolsonaro também fez duras críticas ao Supremo, depois de o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que apura fake news e ameaças e ofensas contra ministros da corte, determinar que a Polícia Federal cumprisse mandados de busca e apreensão contra aliados do presidente que estariam envolvidos no financiamento da disseminação e na propagação de informações falsas.

No dia seguinte à operação, Bolsonaro disse que não aceitaria mais medidas como aquelas.

O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou no domingo uma mensagem a interlocutores em que disse que bolsonaristas querem instaurar uma “desprezível e abjeta ditadura militar” e compara a situação do Brasil, “guardadas as devidas proporções”, com o que ocorreu na Alemanha nazista com Adolf Hitler, segundo uma fonte que teve acesso à mensagem, obtida pela agência inglesa de notícias Reuters.

Mussolini

Sem se importar com a repercussão de seus atos, Jair Bolsonaro voltou a flertar impunemente, e mais uma vez, com o facismo. Ele publicou em sua conta no Facebook, na noite passada, um vídeo de um italiano que remete a Benito Mussolini, ditador fascista responsável pela morte de mais de 400 mil civis. 

"Melhor viver um dia como leão que 100 anos como cordeiro", publicou Bolsonaro. 

Ainda que a origem da frase seja incerta, sua apropriação pelo movimento fascista foi amplamente documentada, na época. Esta, no entanto, não é a primeira vez que Bolsonaro flerta com o fascismo.

Em janeiro, o então secretário da cultura, Roberto Alvim, divulgou um vídeo usando frases semelhantes às de um discurso de Joseph Goebbels, ministro responsável pela propaganda nazista no regime de Adolf Hitler.

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