Maia prepara discurso para enterrar reforma da Previdência até outubro

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Publicado Quinta, 15 de Fevereiro de 2018 às 13:48, por: CdB

Entre os líderes de outros partidos da base, o arquivamento da reforma é considerado matéria vencida. A discussão da pauta, em Plenário, seria iniciada na segunda-feira, mas foi novamente adiada.

 

Por Redação - de Brasília

 

Um discreto levantamento realizado junto à base aliada, a pedido do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, levou-o a dar inicio, nesta quinta-feira, ao discurso com o qual anunciará, de uma vez por todas, a retirada de pauta da reforma da Previdência. Segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, o governo estaria longe dos 308 votos necessários à aprovação da matéria, em Plenário. Maia tende a responsabilizar a equipe de articulação do Planalto, chefiada por Carlos Marum (MDB-MS).

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Maia, na Presidência da Câmara, desarticula a votação da reforma da Previdência

No texto que desenvolve, Maia responsabiliza o secretario de Governo por não reunir o apoio necessário à proposta; portanto, não vale a pena colocar a matéria em votação para ser derrotada.

Pauta impopular

Entre os líderes de outros partidos da base, o arquivamento da proposta é considerado matéria vencida. A discussão da pauta, em Plenário, seria iniciada na segunda-feira, mas foi novamente adiada, após consultadas as lideranças. Com o carnaval, os líderes partidários somente retornarão a Brasília, a partir de domingo.

Com base no levantamento, Maia tem dito que cumprirá seu “papel institucional” de presidente da Câmara. Anunciará que não pautará a votação da reforma antes das eleições. O comunicado tende a ocorrer antes do dia 28, data limite prevista para a votação. O Planalto, até então, culpava os deputados pelo atraso na votação da reforma, em Plenário.

A avaliação do grupo de Maia é de que o anúncio tende a favorecer a candidatura dele à Presidência da República. Com o arquivamento, manteria distância de uma pauta impopular. Entretanto, Maia manterá o discurso de que a reforma é “necessária”. Investirá na tese de que o assunto será resolvido pelo próximo presidente.

Novo texto

No lugar de um apoio à tese de que a Previdência é deficitária, portanto, demandaria uma reforma que retirasse direitos dos trabalhadores; as emendas feitas ao texto afastaram, ainda mais, as chances de que a matéria chegue ao Plenário da Cãmara. A nova versão do texto da reforma da Previdência, que o governo quer ver sendo votada a partir da próxima segunda-feira, mantém perdas aos trabalhadores e não corrige distorções, segundo afirmaram especialistas a repórteres diversos.

Para o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, a proposta apresentada pelo relator, deputado Arthur Maia (PPS-BA), insiste em operar mudanças apenas nos critérios de acesso; com cortes de direitos, quando deveria abordar também a cobrança aos grandes devedores; o combate à sonegação e aperfeiçoamento na gestão dos recursos. A forma mais eficaz para equilibrar as contas da Previdência, segundo afirmou à TV dos Trabalhadores (TVT), nesta quinta-feira; é a criação de empregos formais.

Sem votos

— Os dados recentes divulgados pela Receita Federal dão conta que grandes empresas no Brasil devem mais de R$ 450 bilhões. Não há nenhuma medida nesse campo. Portanto o déficit é decorrente de problemas sérios de gestão, na cobrança. E é fortemente influenciado pela crise econômica. Temos mais de 13 milhões de pessoas desempregadas que não contribuem. Se estivessem ocupadas contribuindo sobre um salário mínimo. Por exemplo, já gerariam mais de R$ 30 bilhões de arrecadação para à Previdência — diz Clemente.

Já a presidente da Associação de Docentes da Universidade Federal do ABC (ADUFABC), Maria Carlotto, disse que, independentemente da proposta, o governo Temer não tem legitimidade para aprovar mudanças em uma legislação tão fundamental. E avalia que o governo não tem os votos necessários.

— Independentemente do conteúdo, o que é particularmente grave é que essa reforma vai ser proposta num contexto em que o governo não tem nenhuma legitimidade. O nível de confiança da população nas instituições está baixíssimo — conclui Carlotto.

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