Maioria dos índios na Grande São Paulo vive na periferia

A maioria dos índios que vive na região metropolitana de São Paulo está na periferia, segundo a Ong Comissão Pró-Índio de São Paulo (Cpisp), entidade criada há 25 anos. Segundo Selma Aparecida Gomes, coordenadora do programa Pró-Índio da Cpisp, a população indígena sofre com a falta de habitação.

– Eles vivem em favelas, sem moradia digna, sem um atendimento adequado à saúde, à educação – diz Selma.

Os índios da Grande São Paulo sofrem também com o desemprego, sendo que a maioria vive na informalidade.
– Muitos estão vivendo de bico, trabalhando de vendedor, como autônomo, como empregadas domésticas, porteiros – conta Selma. No entanto, alguns grupos indígenas conseguem sobreviver do artesanato, como os Kariri-Xocó.

Outro problema que os índios enfrentam em São Paulo é a falta de reconhecimento étnico da população.

– Eles passam despercebidos pela sociedade em geral, que não os vêem como índio e não acreditam que em São Paulo tem índio. As pessoas vêm o índio como uma figura que vive lá na Amazônia, no Xingu – diz a coordenadora.

– Não é o fato do índio estar na cidade que o torna menos índio do que aquele que está na terra indígena.

De acordo com Selma, os índios que hoje vivem em São Paulo vieram do nordeste a partir da década de 1950, atrás de melhores condições de vida.

– Lá (no nordeste) passavam muita dificuldade, fome e a terra não era produtiva. Então, vieram com a intenção de conseguir trabalho – conta ela.

Selma diz que “eles vêm com toda a família para tentar uma vida melhor e acabam vivendo na periferia com todas as dificuldades que a região tem em relação à violência e drogas.”

Hoje, a capital paulista tem apenas três reservas indígenas, todas de tribos guaranis. No entanto, outras 11 tribos vivem na região, sem reservas próprias: Pankaruru, Kariri-Xocó, Fulniô, Terena, Atikum, Kaingang, Xavante, Xucuru, Pankararé, Potiguara e Pataxó. Algumas delas vivem em comunidades, como os Pankararus, que estão na favela Real Parque, e conseguem manter traços de sua cultura como a religião, a dança e o artesanato.

Segundo censo do IBGE de 2000, o estado de São Paulo tem mais de 63 mil índios, dos quais 3.800 vivem nas 28 reservas do estado.