Maioria dos eleitores, mulheres têm baixa presença nas urnas

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Publicado Segunda, 16 de Maio de 2022 às 14:13, por: CdB

Até agora, apenas seis Estados brasileiros já elegeram mulheres governadoras. Nesse caso estão Rio de Janeiro, Pará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Roraima. 

Por Redação - de São Paulo
Decisivas nas eleições deste ano, correspondendo a 53% do eleitorado brasileiro, as mulheres são apenas uma em cada sete pré-candidaturas a governos estaduais. De um total de ao menos 161 nomes que devem concorrer aos governos de 26 Estados e Distrito Federal, somente 22 mulheres se lançaram pré-candidatas. O total representa 14%, menor índice desde as eleições de 2018. E pode ficar ainda mais baixo, já que as candidaturas precisam ser referendadas por seus partidos.
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Fátima Bezerra é um dos expoentes femininos nas eleições deste ano
Os dados fazem parte de levantamento realizado pelo diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP), divulgado nesta segunda-feira. Em 2018, esse percentual chegou a 15% com 30 candidaturas femininas. Se confirmado o número atual, a participação das mulheres retrocederá ao patamar de 2014, quando 20 candidaturas femininas foram registradas. O equivalente a 11% do total de postulantes a governos estaduais. O desenho atual mostra que apenas 14 das 27 unidades da federação terão mulheres como candidatas ao Executivo estadual. Até agora, apenas seis Estados brasileiros já elegeram mulheres governadoras. Nesse caso estão Rio de Janeiro, Pará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Roraima.

Representatividade

Rio Grande do Norte, conforme destaca a reportagem, é o recordista nesse quesito com três governadoras ao longo de sua história desde a redemocratização. A última delas, a atual governadora Fátima Bezerra (PT) que vai concorrer a um novo mandato em outubro. Se reeleita, a petista repetirá um feito alcançado por apenas outras duas mulheres no Brasil, Roseana Sarney, no Maranhão, e Wilma de Faria, no Rio Grande do Norte. A avaliação de Fátima Bezerra é de que a postura menos aberta à diversidade de gênero na definição de candidaturas nos estados, pelos partidos, é resultado da ascensão do presidente Jair Bolsonaro (PL). — Voltamos algumas casas nas nossas conquistas quando atravessamos períodos em que até mesmo a nossa existência é ameaçada por discursos de ódio e de violência e por políticas públicas facilitadoras da barbárie — disse a governadora à FSP. Pernambuco também pode viver uma situação inédita. Nunca comandado por uma mulher, o Estado tem na liderança das pesquisas para o governo a deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) e ex-prefeita de Caruaru Raquel Lyra (PSDB).

Escolha

Na outra ponta, o levantamento também mostra que poucas candidaturas femininas serão uma prioridade de seus partidos em nível nacional. Ao todo, os partidos PSOL, PDT, PT, MDB, PSDB, PSB, União Brasil, Solidariedade, PMB e PCB devem lançar candidatas mulheres aos governos estaduais. Professora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Flávia Biroli diz que há “uma reafirmação do controle masculino nos partidos”, apesar da obrigatoriedade na destinação de 30% do fundo eleitoral para as candidaturas femininas. A especialista observa que o controle sobre o recurso ainda é masculino, uma vez que cabe aos partidos definir quais candidaturas serão beneficiadas. Mas a professora também vê impacto do governo Bolsonaro e da violência política de gênero para a baixa representatividade feminina que se desenha em 2022. — Sem a existência de uma legislação que exija que os partidos abram espaço para as mulheres, enxergamos que a roda segue girando do jeito que está azeitada. Ou seja, é mantido o controle dos homens sobre os recursos partidários, o que inclui o direito de candidatura, que segue produzindo esse desequilíbrio muito grande — concluiu.
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