A Secretaria de Saúde do Pará confirmou, nesta quinta-feira, a morte de mais uma criança vítima do surto de raiva que atinge o município de Augusto Corrêa, no nordeste do estado. A morte de uma menina de 11 anos é a décima-segunda confirmada pelas autoridades de saúde do Pará em menos de 15 dias. A primeira morte foi registrada em 3 de junho. No ano passado, os municípios paraenses de Portel e Viseu também tiveram surtos parecidos. Todas as pessoas foram vítimas de mordidas de morcegos que se alimentam de sangue infectado com o vírus da raiva.
O surto de raiva humana na cidade de Augusto Corrêa (PA) coloca em alerta os profissionais de saúde. A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde enviou profissionais à região para intensificar as ações de controle. O objetivo é assessorar as equipes de profissionais de saúde pública.
Para o diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Expedito Luna, a idéia é levar informações às pessoas. Segundo ele, a população deve entender que não é normal ser mordido por morcego e se isso acontecer, deve procurar atendimento:
– Quem foi mordido por morcego tem que tomar a vacina anti-rábica.
Expedito defendeu um trabalho educativo maior, com o repasse de informações aos habitantes da região, já que entre a população rural da Amazônia existe a crença de que uma agressão de morcego é algo banal.
As causas do surto são atribuídas pelo diretor ao desequilíbrio ecológico.
– Os desequilíbrios são causados pelas mudanças das características locais. Uma área de floresta tropical, de mata, está se transformando em uma região de pecuária – disse.
Segundo ele, com a pecuária aumenta o volume de alimento para os morcegos e sua reprodução. Expedito Luna explicou que em decorrência de pequenas variações locais, como mudança de rebanho de um local para outro, a população de morcegos perde sua fonte de alimento e começa a atacar seres humanos.
Em Augusto Corrêa, estão sendo investigados todos os casos de pessoas agredidas por morcegos, casos suspeitos de raiva humana e de mortes com sintomas compatíveis. Os profissionais de saúde também iniciaram a captura e controle dos morcegos hematófagos que se alimentam de sangue.
Este é o terceiro surto de raiva humana transmitida por morcegos ocorrido no Pará. Em 2004, foram registrados dois surtos da doença nos municípios de Portel e Viséu localizados nas proximidades de Augusto Corrêa.