Mais uma escola pública foi fechada na última terça-feira em Belo Horizonte em função da violência, a terceira em 12 dias pelo mesmo motivo.
Desta vez, um aluno da Escola Estadual Professora Maria Coutinho, no Bairro Jaqueline, Região Norte, quebrou as janelas com uma barra de ferro e mandou um recado ameaçador ao diretor, Isaías Pereira dos Santos, 32 anos, dizendo que iria pegá-lo.
O diretor suspendeu as atividades, deixando 1.690 alunos sem aula. Em 2 de agosto, a Escola Estadual Coronel Juca Pinto, no Bairro Universitários, Pampulha, foi fechada. E unidades da rede municipal também não ficam livres dessa situação.
Desde o início do mês, os professores da Escola Municipal Professora Alice Nacif, no Bairro Urca, Região Norte, estão com os braços cruzados em protesto por mais segurança.
João Paulo Coelho, auxiliar de serviços da escola fechada na terça-feira, conta que as ameaças contra os funcionários já são antigas. Ressalta que ele mesmo já foi agredido a socos e pauladas por uma gangue que invadiu o local para agredir alguns alunos.
Agora, segundo João Paulo, um aluno do turno da tarde, de 17 anos, entrou na escola, quebrou os vidros e foi embora, ameaçando depois o diretor.
– A gente espera segurança da Secretaria de Educação e da própria polícia para reabrir a escola – disse João Paulo.
A violência no ano passado foi tanta, segundo ele, que o turno da noite foi extinto. Há casos de apreensão de maconha com alunos e o reflexo da violência pode ser notado em todos os cantos da escola. Além dos vidros quebrados e pichações, portas e janelas são protegidas com grades de ferro e cadeado.
– Aconteceram várias arrombamentos. Eles levaram cinco computadores. Daí, mais uma semana, levaram mais três. A escola não tem mais computador. Os 20 alunos que tinham aula de Informática estão sem estudar – reclama.
O secretário-adjunto de Estado da Educação, João Antônio Filocre Saraiva, disse que o diretor Isaías Pereira dos Santos foi precipitado em suspender as aulas.
– A gente iria dar apoio necessário para evitar essa medida – disse.
Garante que há um grupo constituído na Secretaria de Estado da Educação para dar apoio e sustentação aos diretores em situação como a de ameaças. Trata-se da Coordenação do ‘Projeto Escola Viva, Comunidade Ativa.
Na terça, o diretor e professores da escola estiveram na secretaria pedindo providências. Isaías teve a garantia que o policiamento será ostensivo, mas mesmo assim decidiu continuar com a paralisação. Os funcionários querem a presença constante de policiais desde a abertura até o fechamento da escola, e não passando de vez em quando.
O secretário disse que convênios estão sendo firmados com a Polícia Militar para reforçar a segurança nas escolas em BH. Até o final do ano, informou, dez viaturas serão adquiridas para o policiamento exclusivo nas escolas consideradas de risco. Disse, ainda, que 500 PMs reformados serão contratados pela Secretaria de Defesa Social para reassumir as funções em escolas de todo Estado.
Outras medidas estão sendo tomadas, acrescentou, como iluminação de ruas próximas às escolas, elevação de muros no entorno das mesmas e colocação de grades de proteção em portas e janelas.
Mais uma escola pública é fechada em Belo Horizonte
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Publicado quarta-feira, 10 de setembro de 2003 as 01:28, por: CdB