Malan usa alta de Serra para 'acalmar' investidores

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Publicado Terça, 10 de Setembro de 2002 às 20:26, por: CdB

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, usou o crescimento nas pesquisas do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, para tranqüilizar investidores britânicos, em uma palestra nesta terça-feira, na sede do Banco da Inglaterra, a cerca de 70 analistas e administradores de fundos com recursos no Brasil. Malan, que sempre teve diferenças com Serra quando o ex-ministro estava no governo, citou o candidato três vezes, espontaneamente, dizendo inclusive que ele era o mais preparado para a Presidência. "Serra, em segundo (nas pesquisas), deve ir ao segundo turno, é claro", disse o ministro aos investidores. "Nós gostaríamos que ele ganhasse", afirmou. O ministro garantiu aos investidores, no entanto, que todos os outros candidatos já se comprometeram com a manutenção geral dos termos do acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Sem mudança "O Serra é o mais preparado, mas não concordo que vá ocorrer uma grande mudança caso a oposição ganhe", afirmou o ministro. Malan disse ainda que Lula "tem mostrado responsabilidade" nas declarações que vem dado à imprensa sobre o que faria se fosse eleito. O ministro levou - e citou várias vezes na sua palestra - um apanhado das declarações dadas pelos candidatos depois do encontro que tiveram com o presidente Fernando Henrique Cardoso para discutir o acordo com o FMI. Pedro Malan se encontrou também com o presidente do Banco da Inglaterra, sir Edward George, e com diretores de três grandes bancos britânicos - HSBC, LLoyds e Standard Chartered. "Eles confimaram, como já tinham dito na reunião em Nova York, que vão manter o nível de negócios no Brasil, inclusive de crédito", afirmou. O ministro disse que o financiamento para exportações brasileiras, que tinha caído muito nos últimos meses, está voltando a se recuperar. Malan também teve um encontro com o ministro britânico das Finanças, Gordon Brown, e participou de um almoço, na residência do embaixador Celso Amorim, com representantes de empresas britânicas com interesses no Brasil. O ministro viajou ainda nesta terça-feira para Paris, onde na quarta-feira se reúne com representantes do governo, Banco Central e investidores franceses. Sem reestruturação O ministro mostrou dados sobre a economia brasileira - os mesmos que já tinha apresentado a investidores em Nova York, há duas semanas - e reafirmou que o governo não pretende decretar moratória - ou reestruturação, na linguagem mais moderada - da dívida brasileira. "Não faz nenhum sentido, no caso brasileiro. Não há a menor necessidade e não vamos fazer", afirmou o ministro. Malan mostrou uma projeção de declínio na relação entre a dívida pública e o PIB. De 58,9% este ano para 58,3% no próximo, até chegar a 47,9% em 2011. Ele também garantiu que as reservas do governo são suficientes para cobrir os US$ 93 bilhões da dívida externa que pertencem ao governo e que a parte privada foi contraída basicamente por grandes empresas, que têm como saldá-la. Apesar da escassez de investimentos para países emergentes, depois dos fortes prejuízos que os bancos tiveram na Argentina e nos Estados Unidos, com a queda nas bolsas, a visita de Malan foi considerada positiva. "É sempre bom dar essas informações sobre a economia brasileira, porque nem todo mundo tem tempo de se informar bem sobre o Brasil", afirmou o diretor da corretora Liability Solutions, Wilber Comerauer, que esteve presente à palestra. Peter West, responsável por América Latina no BBVA, vê a alta de Serra nas pesquisas como um fator positivo para o Brasil. "O resultado (das pesquisas) mudou o humor do mercado hoje. Agora, estamos de volta ao cenário anterior (antes da alta do candidato Ciro Gomes)", afirmou.

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