Mandatário usa Copa América como cortina de fumaça, constata cientista político

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Publicado Segunda, 07 de Junho de 2021 às 14:55, por: CdB

De acordo com o cientista político e membro do Instituto de Advogados Brasileiros (IAB) Jorge Rubem Folena, o presidente Jair Bolsonaro utiliza a Copa América como uma provocação a mais em seu repertório de ameaças à democracia.

Por Redação, com RBA - de Brasília

Apesar do agravamento da pandemia no Brasil, o governo Bolsonaro insiste na realização da Copa América no país. Em meio a essa polêmica, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, foi afastado, após denúncia de abuso sexual. Em seu lugar, assume interinamente Antônio Carlos Nunes de Lima, mais conhecido como Coronel Nunes, com 83 anos. Trata-se de um figura com currículo ligado à ditadura, o que reforça a tentativa de politização do futebol, como nos tempos da repressão.

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A comissão técnica permanece sob o comando do treinador Tite

De acordo com o cientista político e membro do Instituto de Advogados Brasileiros (IAB) Jorge Rubem Folena, o presidente Jair Bolsonaro utiliza a Copa América como uma provocação. Nesse sentido, ao defender a realização do torneio, se coloca, mais uma vez, contra as medidas de distanciamento necessárias para conter a transmissão da doença. Sua aposta é criar “um estado de caos”, estabelecendo um “confronto político constante”.

Além disso, como nos “anos de chumbo”, Bolsonaro tenta intervir diretamente na seleção. Antes de ser afastado, Caboclo teria prometido que o técnico Tite seria afastado do comando da seleção. Isso porque ele se aliou aos jogadores que resistem em participar do torneio a ser realizado no Brasil.

Coturnos e chuteiras

O caso lembra a interferência do presidente general Emílio Garrastazu Médici, que resultou na saída do técnico João Saldanha, às vésperas da Copa do Mundo de 1970. O ditador pressionava pela convocação do atacante Dario, preterido por Saldanha. Além disso, “João sem Medo”, como o treinador era conhecido, era militante comunista. Ele foi substituído por Zagallo, que conduziu o Brasil à conquista do tricampeonato mundial.

— A CBF tem essa ligação com a ditadura. E Bolsonaro tenta agir como Médici, querendo copiá-lo. É uma lástima para o país a organização desse torneio — resumiu Folena à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA), nesta segunda-feira.

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