Ministro da Fazenda, Guido Mantega disse, nesta terça-feira, que “a economia cresce, neste segundo semestre, e sem recessão”. Ele fez as declarações ao comentar Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado mostra que a produção industrial brasileira cresceu 0,7% de junho a julho, sendo a primeira alta depois de cinco meses de queda.
– A economia não está parada. Não está em recessão. Teve problemas passageiros no primeiro semestre, mas neste segundo semestre vamos em direção a uma gradual melhoria. A produção industrial veio bem, mostrando que no segundo semestre nós temos um crescimento da atividade econômica – disse Mantega.
O ministro lembrou que o maior crescimento foi registrado em bens duráveis e também bens de capital (máquinas e equipamentos utilizados na produção).
– Importante (o resultado) porque indica que neste terceiro trimestre teremos um crescimento positivo ao lado de outros indicadores – acrescentou.
Mantega citou ainda outro indicador, o Índice de Gerentes de Compra setor industrial brasileiro (PMI, na sigla em ingês), divulgado, segundo ele, pelo Banco HSBC, que mede o “apetite dos gestores para comprar”. O índice, divulgado ontem (1º), chegou a 50,2 pontos em agosto, ante os 49,1 pontos em julho. Ele avalia o resultado como positivo, pois representa a intenção de aumentar as atividades.
Além desse índice, o ministro citou o desempenho das 271 maiores empresas do país, com capital aberto, que tiveram aumento na receita líquida de 11,9% na mesma comparação.
Sobre a correção da tabela do Imposto de Renda (IR), que caducou no Congresso Nacional, Mantega disse que o governo busca uma alternativa para enviar ao Parlamento de forma a permitir que a proposta seja mantida para o contribuinte. A medida provisória que reajusta a tabela do IR não foi votada pelos parlamentares e perdeu validade.
‘Temerário’
Mantega, durante uma breve conversa com jornalistas, voltou a criticar o programa de governo da candidata do PSB/Rede Sustentabilidade à Presidência, Marina Silva, dizendo nesta terça-feira que um forte aumento do superávit primário para o combate à inflação é temerário e provocará estagnação da economia.
– Combate à inflação com aumento muito grande do primário, um choque de primário pode ser temerário porque pode paralisar a atividade econômica – disse o ministro a jornalistas ao ser perguntado sobre qual avaliação ele fazia sobre o programa da candidata.
As críticas de Mantega sobre os efeitos do programa de Marina sobre a atividade, em linha com a estratégia da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição, não vem num bom momento. Na última sexta-feira, o IBGE divulgou que a economia brasileira entrou em recessão técnica pela primeira vez em cinco anos.
O ministro também fez referência à eventual elevação dos juros para reforçar o combate à alta de preços.
– Inflação se combate com firmeza como temos feito, com política monetária firme, inclusive com elevação de juros, porém não com a volta ao passado, com elevação da taxa de juros para 20, 30, 40% como era praticando antes do nosso governo – afirmou.
O programa de governo de Marina Silva apresentado na última sexta-feira prevê menor presença do Estado na economia, apresentando como promessa assegurar a independência do Banco Central (BC).
Prevê também a criação do Conselho de Responsabilidade Fiscal, com a atribuição de “verificar a cada momento o cumprimento das metas fiscais e avaliar a qualidade dos gastos públicos”.
O programa se propõe ainda a reduzir as atribuições do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que nos últimos anos recebeu injeções bilionárias de recursos do Tesouro para financiar diversos linhas de crédito ao setor privado com juros subsidiados.
Para Mantega, a eventual redução dos bancos públicos na economia representará menos financiamentos e juros mais altos.
– Hoje máquinas e equipamentos comprados por todos os setores econômicos teriam elevação de custo, porque sem subsídios do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) esses itens vão encarecer, porque se depender só dos bancos privados hoje eles cobram taxas mais elevadas – concluiu.