MEC cancela divulgação de pesquisa do sistema educacional público

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Publicado terça-feira, 15 de março de 2005 as 09:24, por: CdB

O ministro da Educação Tarso Genro cancelou, nesta segunda-feira, a solenidade de divulgação da pesquisa que fornece argumentos para quem é contrário à política de cotas no ensino superior. O lançamento do estudo, financiado pelo MEC (Ministério da Educação) e realizado pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis, aconteceria no auditório do ministério, em Brasília.

O fórum é ligado à Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Ana Lúcia Gazolla, presidente da associação, compareceu ao MEC no mesmo dia da divulgação do 2º Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Instituições Federais de Ensino Superior. Na mesa principal, havia placas com o nome do ministro e do secretário de Educação Superior do MEC, Nelson Maculan. Jornalistas e convidados já estavam no lugar, juntamente com a coordenadora do fórum, Tèrese Hofmann, uma das autoras do estudo e decana da Universidade de Brasília (UnB).

Para surpresa e constrangimento de todos, as placas com os nomes de Tarso e Maculan foram retiradas e Tèrese deixou o lugar. Em seguida, uma assessora do ministério informou aos jornalistas que o lançamento da pesquisa estava cancelado.

No fim da tarde, o secretário-executivo do MEC, Fernando Haddad, divulgou nota na qual afirmou que o evento foi cancelado porque não havia sido “comunicado devidamente” ao cerimonial do ministério:
 
“O evento, mesmo divulgado à imprensa com antecedência pela assessoria de imprensa da Universidade de Brasília (UnB), não foi comunicado devidamente ao cerimonial do ministério, a não ser quando faltavam 30 minutos para o seu início, o que levou à inviabilidade da cerimônia. Tampouco o gabinete do ministro tinha conhecimento do evento”.

Mas, em vez de marcar nova data para divulgar a pesquisa, o MEC preferiu não decidir quando o assunto voltará a ser tratado: “A referida pesquisa deve ser analisada em conjunto pelas entidades envolvidas e, oportunamente, a totalidade do seu conteúdo será divulgada”, diz a nota.

A UnB informou que a Secretaria de Educação Superior do MEC havia sido avisada com antecedência de dias e que a divulgação fora acertada com o secretário Maculan. Técnicos da Sesu também disseram ter feito contato para combinar a divulgação.
 
Além dos destaques que afirmavam a inclusão de pardos e negros nas universidades públicas, a pesquisa revelou também que a maior parte dos estudantes destas universidades é das classes C, D e E.

Ministro recebe proposta de manifestantes

Integrantes do Movimento dos Sem Universidade (MSU) entregaram ao ministro da Educação, Tarso Genro, uma manifesto de apoio e sugestões para o debate da reforma universitária. Na manifestação, realizada na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, o MSU exibiu duas placas de pedras com dez propostas gravadas para contribuir com a Lei da Reforma de Educação Superior do Brasil.

– A expectativa do MSU é que o Brasil saiba que hoje o movimento deixou gravado em pedras os dez pontos que ele não abre mão para que se construa uma reforma universitária com dignidade para milhões de famílias. Esperamos que o governo Lula seja vitorioso nesse projeto de construir um convencimento dos políticos – disse o coordenador do MSU, Sérgio Custódio.

Das cinco reivindicações apresentadas na primeira pedra estavam o fim do vestibular, pedido de mais de dois milhões de vagas públicas com garantia de qualidade do ensino superior ao superior, isenção das taxas cobradas pelas universidades públicas, garantia de 50% de vagas para a escola pública e cursos noturnos públicos.